sexta-feira, 11 de maio de 2012


*COPREENDENDO O NAMORO BIBLICAMENTE (Completo)
Parte 1. INTRODUÇÃO
Deixa que digam, que pensem, que falem;
deixa isso pra lá, vem pra cá, o que é que tem?
Eu não estou fazendo nada, você também.
Faz mal bater um papo assim gostoso com alguém?
Essa música expressa a visão pela qual o mundo enxerga um relacionamento a dois, entre pessoas de sexo diferente. O importante é curtir o momento e as sensações de uma relação emocional e física com alguém que me atrai. Não devo pensar nas conseqüências, apenas deixar o clima rolar e ver no que dá.
Infelizmente, essa visão distorcida não é exclusividade de incrédulos. Muitos cristãos demonstram imaturidade espiritual e emocional, ao lidarem com pessoas do sexo oposto e ao iniciarem um relacionamento de namoro com alguém. Como bem destacou Jayro Cáceres, “A nossa cultura tem torcido os valores bíblicos… As palavras ‘curtir e aproveitar’ têm substituído a palavra ‘preparar’”.
Isso revela, de modo profundo, como há uma carência séria e triste da compreensão bíblica do que o namoro realmente significa e qual o seu propósito. O objetivo deste estudo, então, é fornecer a fundamentação e perspectiva bíblica para aqueles que pensam em namoro, preparando-os para os passos corretos, com um foco acertado e de um modo que honre e glorifique a Deus.

UM NAMORO COM PROPÓSITOS.
É essencial para um namoro ter propósitos bem claros e delineados. Ainda que o
casamento deva estar em foco, sempre, ele não é o propósito principal, mas conseqüência de
outros dois propósitos que devem governar nossas vidas.
1. O namoro deve visar a glória de Deus – Rm 11.36; 1 Co 10.31; Cl 3.17
2. O namoro precisa ser uma caminhada rumo à imagem de Cristo – Pv 17.17; Rm 8.29; Ef 4.15-16

Quando estes dois focos são bem claros, antes de tudo, na nossa vida de solteiro, então, saberemos conduzir um namoro agradável a Deus (Rm 12.1; Ef 4.9-10). Um namoro que honra a Deus, sem dúvida, visará o casamento, pois Deus, não criou o namoro em si, mas o casamento. A afeição compartilhada por um casal só tem sentido quando busca a lealdade e a intimidade profunda no casamento. Qualquer relacionamento que fuja disso é brincar com os sentimentos alheios e defraudação (1 Co 13.4-5; Fp 2.3-4; 1 Ts 4.3-6). Vejamos algumas fundamentações bíblicas:
1. O casamento faz parte do plano de Deus na criação da humanidade – Gn 2.18, 24.
2. O casamento reflete a imagem de Deus no homem, em que há diversidade e
unidade, ao mesmo tempo – Gn 1.27.
3. No Antigo Testamento, o relacionamento pré-matrimonial entre dois jovens, deveria visar o casamento – Dt 22.23, 24 (esse texto mostra o grau de fidelidade que a noiva devia ao seu futuro marido, idêntico ao de uma mulher casada); Mt 1.18-19, 24-25.
“No Oriente Próximo o noivado ... é quase tão definitivo como o próprio casamento. Na Bíblia a mulher comprometida em noivado era algumas vezes chamada de ‘esposa’ e estava obrigada à mesma fidelidade ... e o noivo era algumas vezes chamado de ‘esposo’”.
4. O livro de Cantares mostra o amor romântico que se desenvolve no noivado (Ct 1.1. – 3.5) e se concretiza na aliança do casamento e na vida a dois (Ct 3.6 - 8.14).
5. O casamento reflete a relação entre Cristo e a Igreja, previsto desde a eternidade por Deus e que reveste o casamento de dignidade - Ef 5.22-33.
A Bíblia não fala diretamente do namoro, mas apresenta o modelo do noivado que é o que mais se aproxima do namoro atual, em que dois jovens, se comprometem a buscarem a vontade juntos quanto à possibilidade de casamento e caminham nessa direção. Como fora destacado:
Quando dois jovens começam a namorar, isso não significa absolutamente que eles irão casar. Mas, deve significar, pelo menos, que eles pensam em se casar. Entregar a mão [...] e o tempo a uma pessoa com quem não se pensa em casar, é pecado. Quando o namoro busca o casamento, “elimina a idéia de curtição e acentua o seu caráter de preparação”. Pois o namoro “é uma fase de preparação para o casamento e mais uma oportunidade para o exercício da suprema tarefa da Humanidade, glorificar o nome de
Deus”.

PRINCÍPIOS ORIENTADORES
Dentro dos propósitos acima, alguns princípios orientadores precisam ser seguidos, visando a glória de Deus no namoro:
1. O namoro deve ocorrer apenas no contexto entre pessoas da mesma fé –  1 Co 7.39; 2 Co 6.14 – 7.1. “A Bíblia ensina com clareza que crentes não devem se colocar em jugo desigual (2 Co 6.14-16). A visão nítida, preto no branco, de 2 Coríntios 6 – justiça ou iniqüidade, luz ou trevas, Cristo ou o Maligno, crente ou o incrédulo, Deus ou ídolos – não dá margem a erro!” “As Escrituras afirmam claramente que um cristão não deve nem considerar um cônjuge incrédulo”. “Ser crente é algo mais que confessar sua fé em Jesus Cristo. É também algo mais que ser membro de uma igreja. Ser crente é um estilo de vida. Na prática, significa que você ama a Jesus e está pronto a depender dEle mais que de seu cônjuge”.
Muita dor pode ser evitada quando o crente decide se submeter fielmente a Deus nessa área. Um relacionamento íntimo com um incrédulo implica em deixar a visão bíblica de vida cristã e adotar à cosmovisão do(a) namorado(a), que está completamente distante de Deus e morto espiritualmente em seus pecados (Ef 2.1-3).
2. O namoro cristão deve ocorrer no contexto de um desenvolvimento da maturidade cristã – Ef 4.15-16; Cl 3.16. É imprescindível que as duas pessoas que pretendem iniciar um namoro, na direção de um casamento, estejam crescendo na sua fé pessoal com Cristo e juntamente com a igreja, como comunidade. Tanto o texto de Efésios como o de Colossenses que abordam a questão do casamento, a inserem dentro de um contexto de vida espiritual frutífera tanto pessoalmente como em comunidade (ver Ef 5.15-33; Cl 3.12-19).
3. O namoro cristão deve florescer dentro de afinidades cristãs e teológicas – Ec 4.12; Mc 3.24, 25. “Cristão” ou “evangélico” se tornaram termos tão gerais, que é necessário conhecer bem a pessoa, antes, de cultivar um relacionamento afetivo, em que se abra o coração ao outro. É muito importante a pessoa avaliar se o outro pensa de modo concorde a respeito de várias questões muito importantes.   O que
meu pretendente pensa a respeito de Deus, doutrinas da fé cristã (ex. 1 Jo 4.1-3), vida de devoção pessoal e comunitária, vida familiar, situações de conflito, trabalho e amigos, certamente, são muito importantes para se dar um passo na direção de um namoro e casamento.
4. O namoro cristão precisa visar objetivos futuros em comum - Am 3.3.  “Unir-se significa andar na mesma direção que seu cônjuge ... Duas pessoas muito diferentes podem ter um casamento maravilhoso, mas há alguns aspectos básicos em que o acordo é necessário para que um homem e uma mulher possam se unir
um ao outro”. Quando os três pontos acima são avaliados com honestidade e seguidos, então, há uma grande possibilidade de que este último seja observado com sucesso. Todavia, planos como futura profissão ou ministério, estilo de vida, entre outros, precisam ser avaliados com cuidado e ser percebido até que ponto um se adapta ao plano e projeto do outro e está disposto a seguir com o relacionamento nas condições conversadas.

COPREENDENDO O NAMORO BIBLICAMENTE - Parte 2
INTRODUÇÃO
Na primeira parte deste estudo, vimos sobre os propósitos principais que devem orientar a caminhada do namoro rumo ao casamento. Além disso, observamos alguns princípios orientadores que nos auxiliarão a tomar decisões sábias nessa área tão preciosa, mas ao mesmo tempo, de importância imensa. Agora, gostaria de focar alguns pontos específicos dos passos em direção ao namoro e casamento.
Questões como:
· “Que passos iniciais devo tomar para conhecer meu futuro(a) esposo(a) e qual seria um modo sábio de me relacionar com ele(a) nessa fase inicial?”;
· “Qual o papel e importância dos meus pais e irmãos mais velhos na fé em
minhas decisões sobre namoro?”;
· “Durante o desenvolvimento de nosso namoro e noivado como lidar com os
limites e tensões do relacionamento físico?”.
Esses são pontos que todo o jovem solteiro ou que namora, pensa quando lida de modo sério, diante de Deus, com a possibilidade ou realidade do namoro. De início preciso dizer que não tenho respostas prontas para algumas questões realmente difíceis de se lidar. Porém, creio na suficiência das Escrituras, já que seus mandamentos “são límpidos, e trazem luz aos olhos” (Sl 19.8, NVI). “A Tua Palavra é lâmpada que ilumina
os meus passos e luz que clareia o meu caminho” (Sl 119.105, NVI). Assim, crendo nas orientações da Palavra de Deus e na sabedoria prática concedida pelo Espírito de Deus àqueles que amam ao Senhor e que anseiam por tomar decisões acertadas diante dEle, é que daremos início a esta segunda parte de nosso estudo.
DESENVOLVENDO AMIZADE COM PROFUNDIDADE
A sabedoria popular diz que se um homem e uma mulher querem se conhecer bem, devem, então, se aprofundar no relacionamento em todos os sentidos, tanto físico  quanto emocional e relacional. Assim, é comum ouvir de colegas que foram para a “balada” no último final de semana, conheceram alguém que acharam “legal” ou “interessante”, foram para o motel, depois e, agora, estão namorando. Sem dúvida alguma, o namoro cristão precisa e deve acontecer de modo diferente. A Bíblia sempre valoriza a pureza no relacionamento (1 Ts 4.3-8). A sabedoria bíblica vai além do guardar-se físico e ensina uma falar que se expressa com reflexão. “Quando são muitas as palavras, o pecado está presente, mas quem controla a
língua é sensato” (Pv 10.19). “Você já viu alguém que se precipita no falar? Há mais esperança para o insensato do que para ele” (Pv 29.20). Isso nos lembra que ao nos aprofundarmos numa relação de amizade com alguém do sexo oposto, precisamos medir muito bem as palavras que usamos. Expressar sentimentos por alguém, sem estar totalmente certo do que realmente queremos com tal relacionamento é pura tolice.
No começo de tudo, portanto, dentro de um relacionamento a dois (homem e mulher) deve haver uma busca real pela construção de uma amizade, antes que um relacionamento romântico. Em seu excelente livro sobre namoro, Joshua Harris oferece a seguinte ilustração e orientação:
Na primavera, minha irmã de quatro anos estava tão animada para ver as primeiras flores brotando do solo que arrancou um punhado de botões ainda bem fechados e orgulhosamente os deu para minha mãe. Minha mãe ficou decepcionada com a impaciência de minha irmã. “Você as pegou cedo demais”, ela disse. “Elas são bem mais bonitas quando permitimos que floresçam”.
Geralmente, somos culpados da mesma impaciência em nossos relacionamentos. Ao invés de esperar até que a amizade floresça totalmente, nos atiramos no romance. Nossa impaciência não somente nos impede de termos uma bela amizade como solteiros, como pode também colocar nosso futuro casamento em terreno instável. Os casamentos fortes são construídos em uma fundação sólida de respeito
mútuo, consideração e camaradagem de uma amizade. Quando nos vemos atraídos por alguém precisamos fazer da amizade profunda nossa maior prioridade ... Embora o romance possa ser um nível mais emocionante de um relacionamento, ele também pode alimentar uma ilusão e paixão, obscurecendo o verdadeiro caráter de cada pessoa envolvida. Lembre-se, assim que começamos a dar corda em nosso amor romântico, nossa objetividade começa a sumir.
... A prioridade de um rapaz e uma garota é de se conhecerem melhor como indivíduos – para obterem uma visão exata e imparcial da verdadeira natureza um do outro.
Diante disso, quando perceber um relacionamento especial com alguém do sexo oposto que você admira, evite expressar seus sentimentos antes dessa amizade amadurecer. Procure conhecer bem essa pessoa, faça perguntas, busque saber mais da rotina dela, seus planos para o futuro, princípios cristãos nos quais crê. Tudo isso é muito importante e o(a) ajudarão a compreender se, de fato, aquela pessoa é alguém com quem você estaria disposto a caminhar para o casamento. Este tempo de amizade será de grande valor se você souber usá-lo com sabedoria.  Algumas expressões de afeto a se evitar no começo de uma amizade, por
exemplo, seriam: “Nossa! Você está muito bonita, hoje!”; ou “Você é a pessoa mais especial pra mim”; “Como seria interessante passar o resto da vida ao seu lado!”; “Você é a mulher ou homem da minha vida!”. Precisamos lembrar do final de Provérbios 10.19, citado acima: “... quem controla a sua língua é sensato”. Não diga nada no começo de um relacionamento, pelo qual você possa vir a se arrepender, depois. Lembre-se do padrão de Efésios 4.29: “Nenhuma palavra inútil saia da boca de vocês,  mas apenas a que for boa para edificar os outros em suas necessidades, a fim de que conceda graça aos que ouvem” (Tradução Própria). Comentando sobre este texto numa exposição do livro de Efésios, em minha comunidade, disse o seguinte:
... Paulo exorta os crentes da Ásia a evitarem qualquer palavra torpe. A idéia de torpe é de inutilidade. Essa palavra é usada no Novo Testamento, tanto para indicar frutos estragados quanto peixes que não servem para comer (Mt 7.17; 13.48). Desde a minha infância, aprendi que palavra torpe é aquela palavra que
“fede”, que tem cheiro de peixe podre. Mas, a idéia básica dos versículos, é a inutilidade tanto do fruto quanto do peixe, que não prestam para nada. Assim, também, ocorre com nossas palavras, devemos evitar toda e qualquer palavra inútil, mas falar apenas aquela que for útil para edificar uma outra pessoa conforme suas necessidades. Antes de falarmos, deveríamos fazer a seguinte pergunta: “O que vou dizer irá ajudar o meu irmão a se aproximar de Deus?”. Isto significa, também, transmitir graça àqueles que nos ouvem. A graça no livro de Efésios está intimamente ligada à oportunidade dada por Deus de nos aproximarmos dEle e realizarmos Sua vontade. Então, antes de expressar sentimentos a alguém, sem ter completa certeza deles,
pense no outro como seu irmão ou irmã em Cristo. Pergunte para si mesmo se aquilo que você dirá, irá edificar o outro, se fará bem àquela pessoa ou confundirá a cabeça dela. Muitas vezes, o que percebo é que jovens se expressam romanticamente com alguém que lhes atrai, simplesmente para prenderem o outro a si mesmos, sem, todavia, estarem certos e prontos para um compromisso. Isso é um claro sinal de egoísmo, não de amor. O amor é paciente até para esperar dizer o que deve, na hora certa, não antes do tempo (1 Co 13.4).

ORAÇÃO OU ENROLAÇÃO?
Certa vez, um amigo meu brincou comigo, dizendo: “Mas esse negócio de orar antes do namoro é oração ou enrolação?”. Ele explicou o porquê de seu comentário, pois havia visto algumas pessoas que decidiam orar, simplesmente, para depois dizer não ao outro(a) que tinha interesse em algo mais sério. O período de oração foi um modo mais suave de dizer que ele(a) queria apenas uma amizade e nada mais. Por outro lado, há casos em que alguém começa o período de oração com uma pessoa, mas apenas porque está “emocionalmente sensível”.
Quer muito namorar e o(a) primeiro(a) que aparece propondo algo ou demonstrando um interesse, é uma
oportunidade para satisfazer a sua ansiedade de ter um(a) namorado(a), ainda que não esteja completamente certo de suas intenções e sentimentos pelo outro(a). Pessoalmente, creio ser muito importante o tempo de oração a dois, antes do começo de um namoro. O tempo de oração deve se encaixar entre o aprofundamento de uma amizade e o período de namoro. Quando a amizade entre um rapaz e uma moça começa a se aprofundar e há um interesse real e admiração mútua, é momento de
colocarem particularmente seus corações diante de Deus, conversarem com irmãos mais velhos na fé e, então, se perceberem a direção de Deus nisso, iniciarem um tempo de oração a dois, a fim de buscarem juntos o que Deus deseja de suas vidas. Essa época é uma ótima oportunidade para perguntas, como aquelas propostas na primeira parte do estudo, e para o envolvimento com a rotina e realidade familiar/eclesiástica um do outro, com o propósito de se conhecerem melhor.
Não há regras sobre quanto tempo deve durar esse período de oração. Como diria um dos meus professores, quando explicou uma das tarefas para nós, cujo limite eram 10 páginas: “O ideal é que não sejam nem treze nem três páginas”, ou seja, algo próximo daquilo que foi estipulado, “nem oito nem oitenta”. Da mesma forma, parece razoável pensarmos que o tempo de oração não devesse durar nem duas semanas nem dois anos. Cada caso é um caso e aqui entra a importância da participação de líderes da
igreja ou irmãos maduros na fé que possam acompanhar o casal durante este tempo e ajudá-los a discernir o momento para começarem um namoro, ou se, de fato, devem prosseguir para este compromisso.

PAIS E CONSELHEIROS.
Tanto a família quanto nossa igreja local são dádivas de Deus e, certamente, desempenham um papel importante na escolha de nossos futuros cônjuges como, também, no acompanhamento de nossa preparação para o casamento. Desprezar tal presente revela uma atitude de ingratidão ao próprio Deus.
Todavia, nem todas as situações são simples de se lidar. O que fazer quando o pai e a mãe sentem um ciúme tão forte pela filha, que já passa dos 25 anos, e resistem à possibilidade de qualquer pretendente se casar com ela? Ou quando um pastor de uma igreja local aconselha um casal a não começar o namoro, simplesmente porque o filho dele gosta da moça ou a filha do rapaz? Levanto estas duas questões, porque são circunstâncias que, realmente, ocorrem, ainda que excepcionais, e não podem ser tratadas com fórmulas simples. Entretanto, na normalidade das situações, possuímos orientações bíblicas importantes e claras que nos dirão o caminho a seguir.
1. Participação dos Pais.
Efésios 6.1-3 é um texto interessante que nos traz alguns princípios importantes:
1. Os filhos devem obediência a seus pais. Aqui a palavra tékna traduzida como  filhos  não se limita a crianças pequenas,  indica todo e qualquer filho não casado que vive sob a autoridade dos pais. A mesma palavra grega usada para obediência dos filhos é, também, aplicada à obediência dos escravos aos senhores no verso 5 (hupakouō).
2. A justiça cristã é demonstrada e evidenciada quando os filhos entendem seus pais como autoridades colocadas por Deus em suas vidas e se submetem a eles – “porque isto é justo”.
3. Honrar pai e mãe significa ir além da obediência externa, para uma atitude de coração que valoriza e estima os pais (verbo grego:  timaō) como dádiva de Deus no cuidado e orientação dos filhos.
Diante desses pontos, é indispensável a participação dos pais durante o processo de namoro e casamento dos filhos. Isso é importante, pois, os filhos que deviam, depois da lealdade a Deus, lealdade a seus pais, agora, caminham para uma outra lealdade maior que ocupará o lugar dos pais no casamento.
Um exemplo: Antes José, um rapaz piedoso, amava a Deus acima de tudo e, como conseqüência, mantinha um compromisso alto de obediência e honra aos pais. Mas, agora, José casou e seu compromisso com os pais foi transferido para a sua esposa, ela deve ocupar o primeiro lugar em sua vida, depois de Deus, não mais seus pais.
É esse processo que ocorre no casamento, por isso, a importância grande da
participação dos pais nessa transição durante o período de namoro, já que continuam
sendo autoridade sobre os filhos até o momento do altar. O Salmo 45.10-11 narra o casamento de uma princesa com o rei Salomão em que ela precisa deixar sua casa e povo: A lealdade máxima, antes exercida para com a sua casa paterna ... deveria ser deixada e trocada por uma outra lealdade que é detalhada no versículo a seguir. O lar onde essa rainha morava, não deve mais ocupar primeiro plano em sua vida,
mas sim a lealdade ao rei com quem se casa, como é descrito no versículo 11.
Não podemos esquecer que a obediência aos pais independe se são crentes ou não. Deus concedeu a eles o papel de cuidarem de sua vida, isso os torna dignos de seu respeito e obediência. Alguns modos práticos de honrar e obedecer aos pais são:
· Antes de começar qualquer relacionamento de namoro, converse com seus pais, pedindo deles conselho e permissão.
· Se seus pais são crentes no Senhor Jesus, envolva-os desde o processo de oração, pedindo para que conheçam melhor o rapaz ou a moça com quem você gostaria de namorar e pergunte a eles o que pensam da pessoa e do projeto de namoro.
· Em caso de uma negativa clara de seus pais para começar um namoro, não force a barra, ore a Deus e coloque sua situação diante dEle. Se continuarem dizendo: “Não”, é uma clara indicação de que vocês não devem prosseguir para o namoro. Lembre-se de Romanos 13.1-2, rebelar-se contra a autoridade colocada por Deus, é se opor ao próprio Deus.
· Se seus pais observarem durante o namoro que a pessoa com quem você namora não tem maturidade suficiente ou mesmo que você não tem demonstrado a maturidade necessária de alguém que irá se casar, então, converse com eles e pergunte, de modo amável, as razões pelas quais vêem isso em vocês. Ficando nítido essa imaturidade, talvez, eles entendam que seja necessário o término do namoro, seja sensível para aquilo que Deus está lhe mostrando por meio das autoridades que instituiu. Em outras situações, poderão querer estar mais perto de vocês e ajudá-los nisso. Veja essa situação como um privilégio e permaneça atento para ouvir o conselho deles sobre áreas a serem trabalhadas e melhoradas.
2. Ajuda e Apoio de Conselheiros.
Buscar a ajuda de conselheiros, pessoas mais velhas na fé e que demonstram maturidade espiritual, é muito importante. O livro de Provérbios enfatiza diversas vezes a importância de bons conselhos:
Não havendo sábia direção, cai o povo, mas na multidão de conselheiros há segurança. (Pv 11.14)
Da soberba só resulta a contenda, mas com os que se aconselham se acha a sabedoria.  (Pv 13.10)
Onde não há conselho fracassam os projetos, mas com os muitos conselheiros há bom êxito. (Pv 15.22).
Com medidas de prudência farás a guerra; na multidão de conselheiros está a vitória. (Pv 24.6)
No Novo Testamento, encontramos a responsabilidade de nos aconselharmos uns aos outros: “Habite ricamente em vocês a Palavra de Cristo; ensinem e aconselhemse uns aos outros em toda a sabedoria ...” (Cl 3.16). Diante de todos esses textos, fica clara a importância de envolvermos outros irmãos em Cristo para no ajudarem no processo em direção ao namoro e casamento. Isso não significa que todas as pessoas da igreja devam se meter e dar palpites, mas sim, que devemos buscar conselhos de outros irmãos, mais maduros na fé que poderão nos orientar biblicamente a lidar com as situações que surjam durante o tempo de oração e namoro. Perceba que o requisito de Colossenses 3.16 para aconselhar, não é a experiência de vida da pessoa, mas sim, ter a Palavra de Deus dirigindo e orientando sua vida. Assim, você pode ter amigos da igreja que já namoraram várias vezes, mas são devagar demais em aplicar os princípios da
Bíblia às situações da vida. Eles são até “experientes”, mas NÃO pessoas com quem você deva buscar conselhos.
Procure alguns amigos, casados ou solteiros, que demonstram seriedade com Deus, maturidade cristã e preocupação com a sua vida, e pergunte a eles o que pensam de seu projeto de namoro com tal pessoa, se deve esperar mais, se você está pronto. Os conselhos de pessoas piedosas o ajudarão a ter bom êxito nessa nova fase (Pv 15.22).
Joshua Harris oferece um conselho parecido: Se você se sente inclinado a aprofundar o relacionamento com alguém especial, espere em Deus através da oração. Busque orientação de alguns crentes mais velhos e de confiança. O ideal é que dentre estas pessoas estejam seus pais, um mentor cristão ou outros cristãos de confiança. Peça que estas pessoas orem por você sobre esta pessoa. Convide-os a serem seus confidentes em relação a este relacionamento para que detectem qualquer “ponto cego” em você mesmo e na pessoa por quem se sente interessado.
Essas pessoas que participarem do processo inicial, poderão auxiliar, mais para frente, quando vocês estiverem namorando, no cultivo de um namoro com o foco acertado e de modo puro. Como mencionado, a ajuda de conselheiros dispostos a auxiliar pessoas a andarem com Cristo é extremamente útil dentro dessa decisão (Pv 13.10; 15.22).
Conselheiros que conheçam bem o casal podem ser fundamentais para auxiliar na identificação de áreas cegas que passam desapercebidas por ambos os envolvidos e que precisam ser lidadas para a glória de Deus e benefício dos namorados ou candidatos a namoro. Além disso, conselheiros podem ser úteis na identificação, construção e prática de um propósito de vida comum entre os namorados e candidatos ao casamento.

PUREZA NO NAMORO: ISSO É POSSÍVEL?
Dois amigos se encontram no seminário, onde estudam teologia. Um deles
pergunta:
- E aí, Ciclano, já começaram a namorar?
- Sim, conversamos com os pais dela, e eles deram permissão.
- E aí, já beijou?
Ciclano, sem jeito, fica alguns instantes sem responder e, finalmente, diz:
- Já.
- É isso aí, garoto!
Beijos à parte, essa história mostra algo bem interessante. Ao saber do namoro de Ciclano, seu amigo coloca o foco no beijo. A preocupação não se concentra em como estava sendo essa fase inicial, o quanto aproveitaram o tempo juntos para crescer em intimidade com Deus, como estavam lidando com as questões de planos para casamento e lutando para manter sua pureza. Nada disso, o foco estava no desfrute do
relacionamento físico. Esse tipo de conversa faria qualquer garota com a cabeça no lugar, sentir-se uma “boca ambulante”.
Essa questão me preocupa como alguém que pastoreia uma comunidade, na qual a maioria dos membros são jovens e estão na fase de começarem um namoro e caminharem rumo ao casamento. Certa vez, ouvi de um professor de seminário dizer que casais de namorados tinham liberdade para se beijarem, pois Salomão beijava Sulamita, antes do casamento. Sua base bíblica era Cantares 1.2: “Ah, se ele me beijasse, se a sua boca me cobrisse de beijos...”. O problema é que se esse fosse o caso, então, ele, inevitavelmente, deveria defender que o casal, também, tem liberdade para ter relações sexuais antes do casamento! Pois, o verso 4 diz: “Leve-me com você! Vamos depressa! Leve-me o rei para os seus aposentos!”. É óbvio, então, que o texto NÃO faz apologia nem ao beijo nem às relações sexuais antes do casamento. Aliás, afirmar que Salomão beijava Sulamita no noivado demonstra total falta de cuidado ao interpretar o texto de Cantares 1.2-4.
Quero propor aqui que o amor romântico pode e deve ser cultivado durante o período de namoro, sem, todavia, estragar a pureza física e moral do casal. Meu propósito não é colocar uma série de limites até onde um casal pode chegar e do qual não pode ultrapassar. Desejo, realmente, que pensemos no relacionamento físico entre um homem e uma mulher, de uma forma moldada pela Palavra de Deus que promova a glória dEle. Pois, Um relacionamento terreno só pode ser corretamente desfrutado quando levado em conta o relacionamento celestial com o Pai. Como parte da dádiva divina que é a vida, o namoro pode e deve ser desfrutado debaixo do temor do Senhor, incentivando atitudes que fomentam a santidade para a glória de Deus.
Assim, compartilho neste capítulo do estudo, algumas questões que tenho avaliado em minha caminhada cristã e, ao mesmo tempo, o que venho aprendendo com outros irmãos, à luz daquilo que as Escrituras nos ensinam.
Creio que o problema principal na nossa visão de namoro cristão é que muitos encaram a pureza como uma
linha de limite sobre o que se pode e não se pode fazer, enquanto a Bíblia apresenta a pureza como um alvo a se buscar e um caminho a percorrer. Se queremos construir um namoro realmente puro e cujo foco é o crescimento mútuo e a glória de Deus, precisamos parar de discutir sobre até onde um casal pode chegar em sua intimidade física, e começar a nos preocupar como podemos ajudar uns aos outros, enquanto
solteiros ou casais de namorados, a viver uma vida realmente santa que foca os interesses do reino de Deus antes que os nossos próprios interesses.

Quando um casal de namorados aborda a questão do contato físico no namoro com a seguinte pergunta: “Quais serão os limites do contato físico em nosso namoro?”, começaram com a pergunta errada. O que provavelmente está por trás dessa pergunta é: “Até onde podemos desfrutar um do outro fisicamente?”. Proponho aqui uma outra pergunta que vai de encontro à proposta bíblica: “De que modo podemos aproveitar este tempo de namoro, a fim de ajudar um ao outro a crescer na vida cristã e a construir um
caráter que Deus espera de um futuro marido e uma futura esposa?”. O foco desta questão muda e dá outra direção ao relacionamento. Não são regras humanas que tornarão as pessoas mais puras. Paulo ensinou isso aos colossenses, lembrando-os que regras humanas não tinham qualquer poder para refrear os impulsos da nossa natureza pecadora:
Já que vocês morreram com Cristo para os princípios elementares deste mundo,  por que, como se ainda pertencessem a ele,  vocês se submetem a regras: “Não manuseie!”, “Não prove!”, “Não toque!”? Todas essas coisas estão destinadas a perecer pelo uso, pois se baseiam em  mandamentos e ensinos humanos. Essas regras têm, de fato,  aparência de sabedoria, com sua pretensa religiosidade, falsa humildade e severidade com o corpo, mas não têm valor algum para refrear os impulsos da carne. (Cl 2.20-23, NVI).
Em lugar de oferecer regras, Paulo conduz seus leitores a uma vida devotada a Deus, focando seus pensamentos e desejos naquilo que O agrada (Cl 3.1-4), abandonando as paixões e anseios de seus corações pecadores (Cl 3.5-7). É claro que uma vida cujo foco está em Deus, irá expressar isso de modo prático, como o texto continua mostrando, ao falar do abandono da ira, maledicência, mentira, e do revestir
com a compaixão e perdão (Cl 3.8-14). Mas a preocupação primordial deve estar no nosso coração, não apenas em ações externas. É do nosso coração que depende nossa espiritualidade: “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o coração, porque dele procedem as fontes da vida” (Pv 4.23). Como diria o pastor John Piper, “Deus é mais glorificado em nós quando nos satisfazemos mais nEle”.
Qualquer casal que deseja vencer a impureza sexual no namoro, deve buscar, antes de tudo, um coração
profundamente desejoso por Deus e que se satisfaz completamente nEle, tanto em Sua santidade quanto em seu amor. Para compreendermos a questão da pureza física no namoro, vamos destacar alguns pontos cruciais ensinados pela Palavra de Deus:
1. Intimidade Física é Símbolo da Aliança do Casamento Não Recompensa por Níveis de omprometimento – Gn 2.24; Ef 5.22-32
Michael Lawrence desenvolve bem essa questão em seu texto Sex Theology, por isso, traduzi uma boa parte dele, a fim de que você possa refletir sobre a questão da intimidade física e perceber como muitas vezes pode-se compreender mal o ensino das Escrituras nessa área da sexualidade humana.
Freqüentemente, nós justificamos nossa atividade sexual sobre a base do nível de comprometimento no relacionamento. Quanto maior o nível de comprometimento no relacionamento, mais sexualmente envolvidos nós nos permitimos estar. Uma das coisas mais comuns que ouço no aconselhamento pré-matrimonial são casais dizendo que eles se abstiveram da atividade sexual até noivarem. Neste ponto, toda a restrição interna que eles sentiram, de repente desaparece e, agora, se encontram lutando – algumas vezes falhando – para permanecerem fora da cama.
Será que temos compreendido erradamente o padrão de Deus? Comprometimento crescente legitima níveis crescentes de intimidade sexual fora do casamento? Aqui é exatamente onde a teologia do sexo se torna importante e uma teologia do sexo requer bem mais do que uma lista sobre o que fazer e o que não fazer. Conforme isso é exposto, sexo não é uma recompensa arbitrária que você recebe por casarse, e intimidade sexual não está ligada a uma escala crescente de compromisso. Antes, sexo possui um significado teológico dado por Deus e propósito que transcende “minha” experiência e opinião acerca disso.
Conforme o primeiro capítulo do livro de Gênesis, Deus criou homem e mulher à sua própria imagem. “Criou Deus o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou” (Gn 1.27). O que isso significa é explicado nos versos seguintes. Como Deus, homem e mulher devem exercer domínio sobre a terra. Ele devem ser criativos enquanto promovem a ordem e produtividade da criação de Deus. Eles devem, também, viver num relacionamento frutífero um com o outro. Isso é uma clara implicação do mandamento de Deus “Sejam férteis e multipliquem-se” (Gn 1.28). A questão fica ainda mais explícita em Gênesis 2.
No meio da criação perfeita de Deus, ele coloca um jardim, literalmente um paraíso (vv. 1-14). Logo, Deus coloca o homem que Ele fez neste paraíso dos paraísos e lhe dá uma tarefa (v. 15). Ordena ao homem que cuide e proteja este jardim. Quase imediatamente depois que dá ao homem essa chamado básico para
a sua vida, Deus declara, pela primeira vez, que há algo que não é bom: não é bom que o homem esteja só (v. 18). Então, Deus cria a mulher e a traz ao homem. Este não está mais só. Adão observa Eva e diz: “Essa é osso dos meus ossos e carne da minha carne” (Gn 2.23). Então, percebemos que somos testemunhas do primeiro casamento, quando Adão e Eva se unem e se tornam uma só carne (v. 24).
A Bíblia nos ensina que casamento é uma aliança que estabelece um relacionamento entre um homem e uma mulher que não possuem obrigações naturais um com o outro, com um pai e uma criança possuem, mas que
voluntariamente assumem obrigações permanentes e compromissos de um relacionamento familiar. Antes que dois indivíduos casem, eles não eram familiares; não eram uma só carne. Mas no casamento, estes dois indivíduos se tornam familiares numa união tão próxima, íntima e permanente que a única linguagem para isso é a linguagem da família, a linguagem de carne e sangue.
Nossa capacidade para estabelecer este tipo de relacionamento de aliança é parte do que significa ser criado à imagem de Deus. Exatamente como Cristo é unida ao seu povo de tal modo que Ele se torna a cabeça e a Igreja o Seu corpo (Ef 5.23, 30), assim Deus nos criou para refletir Sua imagem enquanto nos relacionamos com uma outra pessoa numa união pactual de uma só carne. Tornar-se uma só carne não significa tornar-se uma só pessoa. Um marido e uma esposa permanecem sendo pessoas distintas. Porém, isso significa sim que como resultado da aliança do casamento, o marido agora se relaciona com sua esposa
como se ela fosse parte do seu próprio corpo, cuidando dela e a protegendo, exatamente como cuida e protege a si mesmo.
Agora, se casamento é uma aliança, então tal aliança deve ter um sinal, algo que torna visível a realidade invisível da união de uma só carne. Este é o modo como todas a alianças funcionam na Bíblia. Quando Deus fez uma aliança com toda a criação de não destruir o mundo, novamente, por meio do dilúvio, ele colocou o
arco-íris como um sinal no céu. Quando Deus faz a aliança com pecadores arrependidos na Nova Aliança, ele nos dá o sinal do batismo, no qual o visível retrata a realidade invisível de nosso ser sepultado com Cristo, sendo purificado do pecado, e ressuscitando para uma novidade de vida com Cristo. E da mesma forma, funciona com a aliança do casamento. Um vez casado, um homem se relaciona com sua mulher com se ela fosse sua irmã ou mãe – pessoas com as quais você não tem relação sexual. Mas ele se relaciona com sua esposa, unindose a ela num relacionamento de uma só carne de mútuo amor, lealdade e intimidade. O sinal desta aliança sem par, é o ato físico de tornar-se uma só carne no intercurso sexual.
... como dito acima, muitos entendem que a intimidade sexual e comprometimento relacional estão conectados numa escala, na qual quanto maior o comprometimento, maior a liberdade que um casal tem para se envolver na intimidade física ... a inclinação cresce de nenhuma intimidade física até o intercurso conforme os níveis crescem, de nenhum comprometimento ao máximo comprometimento do casamento. Com certeza, cristãos, mais provavelmente, seguirão a linha pontilhada mais baixa, na qual a intimidade se demora em aumentar. E nestes dias, não cristãos estão, provavelmente, se movendo mais rapidamente para intimidade. Todavia, se a intimidade sexual é o sinal da aliança do casamento, antes que uma recompensa pelo crescimento de níveis de comprometimento ... deveria, então, ser um gráfico em que a linha se move num grande passo, da intimidade física apropriada com uma irmã/mãe à intimidade física apropriada com uma esposa.
Em resumo, toda mulher que está num relacionamento com um homem, ou é uma ou outra. Biblicamente falando, não há área intermediária, na qual uma mulher é um tipo de irmã ou um tipo de esposa. Agora, eu suponho que alguns leitores estejam pensando: “Você diz que casais devem se abster de beijar e pegar as mãos até o casamento?”. Não quero lançar um novo conjunto de limites que não devem ser atravessados. Isso desvia do foco. Antes, sugiro que todos nós devemos repensar o propósito e significado da intimidade física entre um homem e uma mulher. Eu penso que a melhor maneira que posso fazer isso é observando de modo prático, do outro lado dos votos do casamento. Em tudo o que um casal de namorados se envolve fisicamente, com exceção do intercurso, casais casados também o fazem. A única diferença é que um casal casado tem um nome para essa atividade. Chamam isso de preliminares. Então, enquanto o casal de namorados conforta a si mesmo, dizendo: “Até aqui tudo bem, porque isso não é sexo”, o casal casado diria: “Isso é ótimo, porque é parte do sexo!”. O fato é, Deus não apenas criou o intercurso sexual, Ele criou tudo que leva ao intercurso, também. E todas as coisas estão ligadas juntas. As preliminares são a rampa de mão única que levam à auto-estrada do intercurso sexual. Em nossos carros não pretendemos diminuir a velocidade nessa rampa de mão única, nem voltar atrás. As rampas que levam à auto-estrada não foram designadas para isso. Foram projetadas para aumentar a velocidade do carro em direção à auto-estrada. Assim, é com as preliminares. Foram projetadas para que um homem e uma mulher aumentem a velocidade e isso funciona. Então, se você não é casado, o que está fazendo na rampa de mão única que leva à auto-estrada? Não foi tencionada para você ficar se expondo sem nenhuma direção, acelerando seus motores, mas não indo a lugar algum.

2. Intimidade Física fora da Aliança do Casamento é frontalmente oposta à Vontade de Deus – 1 Ts 4.3-7
Quando nos deparamos com 1 Tessalonicenses 4.3-8, percebemos no texto algumas diretrizes importantes:
a. V. 3 - O desejo de Deus para seus filhos é que eles se guardem da imoralidade sexual, ou seja, qualquer intimidade física com outra pessoa que não a minha esposa ou marido. Isso deve levar irmãos em Cristo solteiros a ajudarem uns aos outros na preservação da pureza de ambos os sexos. A pergunta típica de um casal de namorados bem intencionados, mas com uma teologia errada é: “Isso mexe com você?”. O ideal de Deus é que casais de namorados e noivos nem sequer façam esse tipo de pergunta, pois deveriam
estar longe da imoralidade e não testarem até onde podem chegar sem provocar desejos no outro. A ordem bíblica é fugir, não se aproximar (1 Co 6.18).
b. Vv. 4-5 – Todo cristão deve cuidar de seu corpo a fim de glorificar a Deus por meio dele. Toques e beijos  apaixonados não refletem o  autocontrole requerido por Deus dos que são seus filhos. Devemos ser governados pelo Espírito Santo (Ef 5.18), não por desejos e sensações físicas. Nosso corpo é habitação do Espírito Santo e deve ser cuidado como propriedade de Deus, não nossa (1 Co 6.19-20). A melhor pergunta a se fazer é: “Pai, como o Senhor gostaria que eu cuidasse de meu corpo no relacionamento com minha namorada, de modo que O glorifique?”.
c. Vv. 6-7 – Cuide de sua irmã ou irmão. Não o provoque com palavras, toques nem beijos. Não pense que o seu namorado(a) será mais seu/sua, à medida que aprofundam seu relacionamento físico. Nenhum namorado ou namorada é dono do outro, os únicos que possuem direitos sobre o corpo um do outro
são aqueles que estão dentro do compromisso da aliança do casamento (1 Co 7.1-5). O modelo bíblico para tratamento entre qualquer moça ou rapaz que não são casados, sejam casais de namorados, noivos ou solteiros é tratar um ao outro como irmão ou irmã (1 Tm 5.1-2). Lembre-se, ainda que uma moça ou rapaz seja a(o) sua/seu namorada(o), isso não lhe dá direito desenvolver intimidade física com ela(e), pois essa pessoa poderá ou não ser seu futuro cônjuge. É claro que o propósito do namoro é casar, mas isso não poderá ser garantido até à troca das alianças. Todo namorado ou namorada deveria zelar tão bem pelo seu par, tanto fisicamente como emocionalmente, de modo que se outra pessoa se casar com ele(a), possa lhe agradecer pelo modo respeitoso como você o(a) tratou, cuidando da pureza do leito matrimonial deles (Hb 13.4).
CONCLUSÃO
Se este estudo contribuir para que namorados e pretendentes adquiram uma visão bíblica da beleza e santidade do casamento, além de focarem seus alvos na glória de Deus e na imagem de Cristo, então, certamente, teremos futuras famílias fundamentadas na suficiência de Cristo, dependentes totalmente da Graça de Deus, que espalham adoradores e espelham o Criador, proclamando ao mundo e anunciando às
futuras gerações as grandezas daquEle que nos chamou das trevas para a Sua maravilhosa luz.
Fonte: Tiago Abdalla T. Neto. Teologia e Exposição do Antigo Testamento · Master of Theology (Th.M.) 

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