quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Submissão Graciosa.


Submissão Graciosa.

É fácil dizer a uma mulher que ela se submeta, ou dizer a um marido que ele ame sua mulher como Cristo ama a igreja, mas na prática isso pode ser angustiante. É fácil atirar versículos bíblicos por aí como a pedra do estilingue de Davi, esperando derrubar aquele gigante Golias chamado "O Meu Jeito".
Em um casamento, deve existir tanta submissão e tanto amor! No entanto, quem quer servir, quem quer se sacrificar, quem quer entregar sua vida pelo outro? Quem quer se humilhar para o bem de outro ser humano?
A resposta: Jesus Cristo.
Lembro a primeira vez que me apresentaram a submissão como algo que eu devia praticar a fim de ser obediente e piedosa. Eu lutei com isso, pois não me ensinaram através do evangelho. Tudo o que eu via era uma sujeição. Eu tinha todos os tipos de argumentos para rebater esse assunto; simplesmente ninguém conseguia conversar comigo sobre submissão.
Como conversar sobre submissão com uma pessoa que não entende direito a Trindade e tem uma ideia confusa sobre quem Deus é?
Quem Deus é
Não podemos compreender totalmente a beleza da liderança e da submissão até que tenhamos um entendimento sóbrio de quem Deus é: o verdadeiro Deus, o Deus Triuno... Pai, Filho e Espírito Santo.
Não é sábio iniciar por aquilo que é exigido do homem. Devemos começar por quem Deus é, em seguida o que Ele fez e, então, podemos falar com coerência sobre o que é exigido de nós. São nesses pontos que descobrimos quão importante é que todos nós entendamos a doutrina da trindade.
Não foi um livro sobre "como ser uma esposa melhor" que me levou a praticar uma fiel submissão ao meu marido. Foi o entendimento sobre a pessoa de Cristo e sua obra na cruz. Foi o evangelho moldando cada parte do meu ser.
Romanos 8:29 diz, "Pois aqueles que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho". Se devo ser conforme à imagem de Cristo, eu preciso saber quais são suas características para que, ao permanecer nele e andar no Espírito, eu possa ser o mais próximo da imagem de Cristo nesta vida. Conforme eu me relaciono com outras pessoas, eu preciso saber como Cristo se relaciona dentro da trindade e com os homens.
Uma das coisas que Cristo diz sobre ele mesmo é, "Tomem sobre vocês o meu jugo e aprendam de mim, pois sou manso e humilde de coração" (Mateus 11:29). Paulo escreve em Filipenses 2:5–8:
"Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus, que, embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens. E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até à morte, e morte de cruz!".
Quem é Cristo? Ele é o Deus Filho.
Como ele é? Manso, humilde de coração, igual a Deus, em forma humana.
O que ele fez? Não se apegou à sua igualdade, antes, humilhou-se para ser obediente até à morte de cruz.
A quem ele obedeceu? Deus Pai, a quem ele era e é igual.
Na Prática
Como isso pode me instruir na busca por viver uma vida como a de Cristo?
Kathy Keller diz em The Meaning of Marriage ['O Sentido do Casamento']: "Tanto a mulher como o homem têm no casamento a oportunidade de 'desempenhar o papel de Jesus'— Jesus em sua autoridade sacrificial, Jesus em sua submissão sacrificial".
Como esposa, vejo nas palavras do apóstolo Paulo o meu papel em relação a Cristo: "Quero, porém, que entendam que o cabeça de todo homem é Cristo, e o cabeça da mulher é o homem, e o cabeça de Cristo é Deus". (1 Coríntios 11:3).
Como mulher, eu já tenho um dos papéis de Jesus — o dom sacrificial da submissão ao meu marido. Será que devo "me apegar" ao "papel de Jesus" que é dele? Será que devo tentar trocar o meu papel pelo dele? Com qual finalidade? Se Jesus, sendo igual a Deus, não se apegou à sua igualdade, antes, se submeteu ao plano e vontade do Pai, será que eu, sendo igual ao meu marido, devo "apegar-me" à minha igualdade? Como é possível que assim eu seja transformada à imagem de Cristo?
Para entender o nosso papel, primeiro temos que entender a Trindade. Somente assim, tudo isso fará sentido. Somente assim, veremos que esses papéis não são culturais ou construídos pela sociedade, mas são partes intrínsecas e inerentes à realidade objetiva. - Luma Simms. 

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Está pensando em divorciar?


Está pensando em divorciar? Leia este texto antes!

Naquela noite, enquanto minha esposa servia o jantar, eu segurei sua mão e disse: “Tenho algo importante para te dizer”. Ela se sentou e jantou sem dizer uma palavra. Pude ver sofrimento em seus olhos.

De repente, eu também fiquei sem palavras. No entanto, eu tinha que dizer a ela o que estava pensando. Eu queria o divórcio. E abordei o assunto calmamente.

Ela não parecia irritada pelas minhas palavras e simplesmente perguntou em voz baixa: “Por quê?”


Eu evitei respondê-la, o que a deixou muito brava. Ela jogou os talheres longe e gritou “você não é homem!” Naquela noite, nós não conversamos mais. Pude ouvi-la chorando. Eu sabia que ela queria um motivo para o fim do nosso casamento. Mas eu não tinha uma resposta satisfatória para esta pergunta. O meu coração não pertencia a ela mais e sim a Jane. Eu simplesmente não a amava mais, sentia pena dela.

Me sentindo muito culpado, rascunhei um acordo de divórcio, deixando para ela a casa, nosso carro e 30% das ações da minha empresa.

Ela tomou o papel da minha mão e o rasgou violentamente. A mulher com quem vivi pelos últimos 10 anos se tornou uma estranha para mim. Eu fiquei com dó deste desperdício de tempo e energia mas eu não voltaria atrás do que disse, pois amava a Jane profundamente. Finalmente ela começou a chorar alto na minha frente, o que já era esperado. Eu me senti libertado enquanto ela chorava. A minha obsessão por divórcio nas últimas semanas finalmente se materializava e o fim estava mais perto agora.

No dia seguinte, eu cheguei em casa tarde e a encontrei sentada na mesa escrevendo. Eu não jantei, fui direto para a cama e dormi imediatamente, pois estava cansado depois de ter passado o dia com a Jane.

Quando acordei no meio da noite, ela ainda estava sentada à mesa, escrevendo. Eu a ignorei e voltei a dormir.

Na manhã seguinte, ela me apresentou suas condições: ela não queria nada meu, mas pedia um mês de prazo para conceder o divórcio. Ela pediu que durante os próximos 30 dias a gente tentasse viver juntos de forma mais natural possível. As suas razões eram simples: o nosso filho faria seus exames no próximo mês e precisava de um ambiente propício para preparar-se bem, sem os problemas de ter que lidar com o rompimento de seus pais.

Isso me pareceu razoável, mas ela acrescentou algo mais. Ela me lembrou do momento em que eu a carreguei para dentro da nossa casa no dia em que nos casamos e me pediu que durante os próximos 30 dias eu a carregasse para fora da casa todas as manhãs. Eu então percebi que ela estava completamente louca, mas aceitei sua proposta para não tornar meus próximos dias ainda mais intoleráveis.

Eu contei para a Jane sobre o pedido da minha esposa e ela riu muito e achou a idéia totalmente absurda. “Ela pensa que impondo condições assim vai mudar alguma coisa; melhor ela encarar a situação e aceitar o divórcio” – disse Jane em tom de gozação.

Minha esposa e eu não tínhamos nenhum contato físico havia muito tempo, então, quando eu a carreguei para fora da casa, no primeiro dia, foi totalmente estranho. Nosso filho nos aplaudiu dizendo “O papai está carregando a mamãe no colo!” Suas palavras me causaram constrangimento. Do quarto para a sala, da sala para a porta de entrada da casa, eu devo ter caminhado uns 10 metros carregando minha esposa no colo. Ela fechou os olhos e disse baixinho “Não conte para o nosso filho sobre o divórcio” Eu balancei a cabeça mesmo discordando e então a coloquei no chão assim que atravessamos a porta de entrada da casa. Ela foi pegar o ônibus para o trabalho e eu dirigi para o escritório.

No segundo dia, foi mais fácil para nós dois. Ela se apoiou no meu peito, eu senti o cheiro do perfume que ela usava. Eu então percebi que há muito tempo não prestava atenção a essa mulher. Ela certamente tinha envelhecido nestes últimos 10 anos, havia rugas no seu rosto, seu cabelo estava ficando fino e grisalho. O nosso casamento teve muito impacto nela. Por uns segundos, cheguei a pensar no que havia feito para ela estar neste estado.

No quarto dia, quando eu a levantei, senti uma certa intimidade maior com o corpo dela. Esta mulher havia dedicado 10 anos da vida dela a mim.

No quinto dia, a mesma coisa. Eu não disse nada a Jane, mas ficava a cada dia mais fácil carregá-la do nosso quarto à porta da casa. Talvez meus músculos estejam mais firmes com o exercício, pensei.

Certa manhã, ela estava tentando escolher um vestido. Ela experimentou uma série deles, mas não conseguia achar um que servisse. Com um suspiro, ela disse “Todos os meus vestidos estão grandes para mim”. Eu então percebi que ela realmente havia emagrecido bastante, daí a facilidade em carregá-la nos últimos dias.

A realidade caiu sobre mim com uma ponta de remorso… ela carrega tanta dor e tristeza em seu coração….. Instintivamente, eu estiquei o braço e toquei seus cabelos.

Nosso filho entrou no quarto neste momento e disse “Pai, está na hora de você carregar a mamãe”. Para ele, ver seu pai carregando sua mãe todas as manhãs tornou-se parte da rotina da casa. Minha esposa abraçou nosso filho e o segurou em seus braços por alguns longos segundos. Eu tive que sair de perto, temendo mudar de idéia agora que estava tão perto do meu objetivo. Em seguida, eu a carreguei em meus braços, do quarto para a sala, da sala para a porta de entrada da casa. Sua mão repousava em meu pescoço. Eu a segurei firme contra o meu corpo. Lembrei-me do dia do nosso casamento.

Mas o seu corpo tão magro me deixou triste. No último dia, quando eu a segurei em meus braços, por algum motivo não conseguia mover minhas pernas. Nosso filho já tinha ido para a escola e eu me vi pronunciando estas palavras: “Eu não percebi o quanto perdemos a nossa intimidade com o tempo”.

Eu não consegui dirigir para o trabalho… fui até o meu novo futuro endereço, saí do carro apressadamente, com medo de mudar de idéia… Subi as escadas e bati na porta do quarto. A Jane abriu a porta e eu disse a ela “Desculpe, Jane. Eu não quero mais me divorciar”.

Ela olhou para mim sem acreditar e tocou na minha testa “Você está com febre?” Eu tirei sua mão da minha testa e repeti.” Desculpe, Jane. Eu não vou me divorciar. Meu casamento ficou chato porque nós não soubemos valorizar os pequenos detalhes da nossa vida e não por falta de amor. Agora eu percebi que desde o dia em que carreguei minha esposa no dia do nosso casamento para nossa casa, eu devo segurá-la até que a morte nos separe”.

A Jane então percebeu que era sério. Me deu um tapa no rosto, bateu a porta na minha cara e pude ouvi-la chorando compulsivamente. Eu voltei para o carro e fui trabalhar.

Na loja de flores, no caminho de volta para casa, eu comprei um buquê de rosas para minha esposa. A atendente me perguntou o que eu gostaria de escrever no cartão. Eu sorri e escrevi: “Eu te carregarei em meus braços todas as manhãs até que a morte nos separe”.

Naquela noite, quando cheguei em casa, com um buquê de flores na mão e um grande sorriso no rosto, fui direto para o nosso quarto onde encontrei minha esposa deitada na cama – morta.

Minha esposa estava com câncer e vinha se tratando a vários meses, mas eu estava muito ocupado com a Jane para perceber que havia algo errado com ela. Ela sabia que morreria em breve e quis poupar nosso filho dos efeitos de um divórcio – e prolongou a nossa vida juntos proporcionando ao nosso filho a imagem de nós dois juntos toda manhã. Pelo menos aos olhos do meu filho, eu sou um marido carinhoso.

Os pequenos detalhes de nossa vida são o que realmente contam num relacionamento. Não é a mansão, o carro, as propriedades, o dinheiro no banco. Estes bens criam um ambiente propício a felicidade mas não proporcionam mais do que conforto. Portanto, encontre tempo para ser amigo de sua esposa, do seu marido, façam pequenas coisas um para o outro para mantê-los próximos e íntimos. Tenham um casamento real e feliz!

Um casamento centrado em Cristo é um casamento que dura uma vida toda.

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Onde estão os finados?

Onde estão os finados?

Eu sei que a resposta óbvia é "enterrados no cemitério", mas eu me refiro à alma dos finados. A resposta bíblica pode ser resumida em alguns pontos, que não pretendem ser exaustivos, mas que representam o pensamento evangélico histórico e reformado sobre o que acontece após a morte.

- Imediatamente após a morte, as almas dos homens voltam a Deus. Seus corpos permanecem na terra, onde são destruídos.
As almas dos finados não caem em um estado de sono ou de inconsciência após a morte.

- As almas dos salvos em Cristo Jesus entram em um estado de perfeita santidade e alegria, na presença de Deus, e reinam com Cristo, enquanto aguardam a ressurreição de seus corpos.
Esta felicidade não é impedida pela memória de suas vidas na terra, uma vez que agora eles consideram tudo à luz de perfeita vontade de Deus e do Seu plano perfeito.

- Sua felicidade e salvação é somente pela graça de Deus.
Eles não têm poder de interceder pelos vivos ou tornar-se mediadores entre eles e Deus.

- As almas dos perdidos não são destruídas após a morte, mas entram em um estado de sofrimento consciente e de escuridão, tirados da presença de Deus, enquanto esperam o dia do julgamento.

- Não há outros estados além destes dois após a morte. Não há qualquer base bíblica para a doutrina do purgatório e nem da reencarnação.

- Nem as almas dos salvos nem as dos perdidos podem voltar para a terra dos vivos após a morte. Todas os fenômenos considerados como a ação de almas desencarnadas deve ser atribuída à imaginação humana ou à ação de demônios.
A realidade da morte e da sobrevivência da alma deveria nos lembrar sempre das palavras de Jesus: "De que adiante ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?" 

Por - A. N.  L.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

LEIA A BÍBLIA CONTRA VOCÊ.

LEIA A BÍBLIA CONTRA VOCÊ.

 Sempre una auto-reflexão com a leitura e o ouvir da palavra de Deus. Quando vc ler a bíblia e ouvir sermões, reflita e compare os seus caminhos com o q vc leu ou ouviu. 

Pondere que harmonia ou desarmonia existe entre a palavra e os seus caminhos. A bíblia testifica contra todo tipo de pecado e tem direções para qualquer responsabilidade espiritual, como escreveu Paulo: Toda escrit
ura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça a fim de que o homem seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra. (2 Tm. 3:16,17 ênfase acrescentada). 

Portanto, quando ler os mandamentos dados por Cristo e seus apóstolos, pergunte-se: Vivo de acordo com essas regras? Ou vivo de maneira contrária a elas? Quando ler histórias da Bíblia sobre pecados e sobre culpados, faça uma auto-reflexão enquanto avança na leitura. 

Pergunte a si msm se é culpado de pecados semelhantes. Quando ler como Deus reprovou o pecado de outros e executou julgamentos por seus pecados, questione se vc merece punição semelhante. Quando ler os exemplos de Cristo e dos santos, questione se vc vive de maneira contrária aos seus exemplos. Quando ler sobre como Deus louvou e recompensou seu povo pelas suas virtudes e boas obras, pergunte se vc merece a msma benção. Faça uso da Palavra como um Espelho pelo qual vc examina cuidadosamente a si msm e seja um praticante da palavra. (Tg. 1:23-25). Poucos são aqueles que fazem como deveriam! 

Enquanto o ministro testifica contra o pecado, a maioria está ocupada pensando em como os outros falham em estar à altura. Podem ouvir centenas de coisas em sermões que se aplicam adequadamente a eles; mas nunca pensam que o pregador está falando lhes diz respeito. A mente deles está fixa em outras pessoas para quem a mensagem parece se encaixar, mas eles nunca julgam necessitar dessa pregação. - J. E. (1703 - 1758)

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Cristão ou Religioso?


Definitivamente o ser humano é muito complexo mesmo, principalmente os religiosos, uma minoria é claro, que como fruta podre contamina todo o cesto.
Podem estar me perguntando o porquê dessa comparação tão radical, mas analisando a diversos testemunhos e desabafos de pessoas próximas a mim, pude chegar a essa conclusão fatídica.
Para entender melhor vou tentar definir um pouco o que faz uma pessoa ser religiosa:
RELIGIOSO
*Conhece a bíblia (palavra escrita que para os cristãos é regra de fé e conduta) de ponta a cabeça, até aí isso não seria mais do que a obrigação de todo e qualquer um que aceitasse aderir a essa mesma filosofia de vida, mas a diferença entre conhecer e aplicar é infinitamente enorme.
O Religioso não aprende para fazer dessa palavra uma regra na sua vida, ele simplesmente pega um ou outro versículo que lhe apraz, que normalmente se encaixa em algum pensamento ou idéia própria e a partir dali, usa esse texto sem contexto para subjugar, com pretexto de ensinamento, impondo a terceiros um jugo que nem ele mesmo se fosse aplicar não conseguiria suportar.
*Não vive a sua própria vida, normalmente o religioso tem como ocupação a preocupação com a espiritualidade dos outros, ou seja, ao invés de se preocupar em trabalhar, estudar, cuidar do seu conjugue, filhos... Da sua vida mesmo (vai ter com a formiga, oh preguiçoso) Ele vive 24 horas caçando, literalmente, o erro e o pseudo pecado cometido por aqueles que o cercam. Isso tudo achando que está prestando um serviço a Deus.
*Para ele o mais importante não é a compaixão, e sim a necessidade abusiva de demonstrar a sua “suprema” espiritualidade. Assim com todo hipócrita, ele não analisa a história de vida e situações individualmente, antes mesmo de procurar saber a causa (o motivo do por que daquela ação) ele julga a atitude alheia e como se tivesse algum poder para isso, condena e exclui do seu meio que aparentemente é o certo.
*Vive de aparência, faz questão de parecer justo, impecável, puro, mas no seu interior esconde coisas terríveis. Deseja sempre o mal daquele que não se enquadra ou aceita sua opinião, e isso sempre com a desculpa de que Deus irá pesar a mão em cima do que ele julga errado. Inveja, calúnia, contenda, fofoca, fazem parte do seu dia a dia e nem se dá conta disso.
*Adora elogios, faz tudo para receber aplausos e tapinhas nas costas, ele mesmo se projeta e se exalta a si mesmo.
*Da sua boca só sai palavras de confrontamento, se outro fala está errado, se não concordam com o que fala não sabem de nada, mas quando fala está coberto de razão. Ignora completamente a opinião alheia, se achando no centro da vontade de Deus e acima do bem e do mal.
*Não almeja cargo eclesiástico no intuito de servir, mas como lobo devorador, anseia pela hora de conseguir dominar através da sua autoridade todo aquele se deixa enganar.
Enfim... São tantos os argumentos que seu fosse aqui detalhar mesmo, não pararia mais de escrever. Resumindo a diferença toda está na INTENÇÃO DO CORAÇÃO. O cristão não está preocupado com status e sim com mudança de vida, ao contrário, o religioso vive em função da sua aparência, da constante busca pela aprovação dos homens e não de Deus.
Infelizmente, esses são os que perturbam a paz e tiram o sossego do mais fraco, do menor, do humilde, do que busca com sinceridade conhecer e entender os verdadeiros ensinamentos (doutrina bíblica e não doutrina de homens) criando ambientes de discórdia, brigas e discussões sem fim. Nunca estão satisfeitos.
Para finalizar, o religioso quando lê um texto como esse, não julga o conteúdo, procura por erros gramaticais, erros teológicos, procura versículos para contradizer, e principalmente julga um texto desses como porta aberta para libertinagem. Fala do que não conhece, julga sem conhecimento de causa, odeia sem motivo, nunca está em paz consigo mesmo e muito menos com o próximo.
Partindo do princípio de que cada um dará conta de si mesmo no tribunal e de que a salvação é individual, sugiro ao religioso que pare de se meter na vida do outro e vá buscar a Deus enquanto é tempo.
Esse é um apelo simbólico a atenção de todos os que foram perseguidos e maltrados por esses religiosos. Não aceite jugo algum de condenação, perto está o Senhor e esse sim virá para julgar toda a humanidade com justiça, Ele é o único que tem poder e autoridade para isso. Só Ele tem conhecimento profundo da sua vida e realmente sonda os seus pensamentos, antes mesmo de sair uma palavra da sua boca, Ele já sabe. Independente de qualquer coisa, aquilo que estiver fora da doutrina bíblica, deve ser confessado a Ele, dessa forma, com um simples gesto de arrependimento seu (deixando, largando o que realmente for errado), Ele se apresentará de mãos estendidas para te acolher com o seu perdão, derramando sobre sua vida, a única paz que excede todo entendimento, a paz que só Ele pode dar. A benignidade do Senhor dura para sempre.
Fonte: Claudia Lucia  Universitária - Bacharelado em Teologia. 

quarta-feira, 6 de junho de 2012


Espiritualidade egolátrica

Na espiritualidade ególatra, o sacerdote se confunde com a divindade.
A egolatria não é o simples cuidado do indivíduo consigo mesmo. Cuidar de si mesmo, afinal, é uma virtude. Quando praticamos o cuidado conosco mesmos, aprendemos a amar mais as pessoas. A egolatria não é também um sentimento de egoísmo. O indivíduo egoísta tem a expectativa de que todas as coisas e pessoas estejam em torno de seus interesses. Sem dúvida, isso é pecado; mas não é, ainda, um culto ao ego. Isso porque, enquanto o egoísta deseja que todas as coisas existam para atender seus interesses, o ególatra acredita que tem o poder para mover todas as coisas e pessoas em torno de si. A principal marca do ególatra é a cobiça, às vezes demonstrada por atitudes extremas. Tal sentimento foi muito bem exemplificado na proposta do diabo a Cristo: “Tudo isso te darei se, prostrado, me adorares.”  
A egolatria é mais danosa do que a idolatria. E existe, lamentavelmente, uma espiritualidade ególatra, aquela que é caracterizada pela prática religiosa cujas celebrações e liturgias favorecem a promoção de personalidades. Na idolatria, a divindade é inanimada; o ídolo não controla a situação. Já na egolatria, o ego-deus tem boca e fala; tem nariz e cheira; tem pés e anda. Ele tem uma inteligência cheia de artimanhas; em geral, possui carisma e cativa as massas. O ego-deus consegue passar a ideia de que foi o único dotado para uma missão especial – assim, possuiria poderes especiais, como uma capacidade mística de desvendar os mistérios escondidos no além e trazer revelações sobrenaturais.
Nas instituições caracterizadas pela egolatria, há a necessidade de intermediários entre os devotos e o divino. Por essa razão, os cargos e papéis espirituais são uma espécie de concessão do ego-deus a esses intermediários, sob a condição de trocas simbólicas e materiais. Diante de um ego-deus, todos os seguidores obedecem, sem o mínimo de discernimento. Qualquer atitude crítica é denunciada como rebeldia intolerável. A egolatria é marcada pela necessidade de promoção pessoal, vanglória e arrogância. Os ególatras necessitam de títulos que os façam diferentes. Em se tratando da vocação pessoal, os dons e ministérios não representam habilidades para servir às pessoas; eles são, isso sim, títulos particulares, espécie de insígnias ostentadas como demonstração de poder e domínio. Nos ambientes marcados pela egolatria, títulos que, em si mesmos, em nada credenciam seus detentores como sobre-humanos – como pastor, padre, bispo, apóstolo –, assumem um significado de divinização de indivíduos em seus feudos religiosos e redes de submissão ao seu controle.
Na espiritualidade ególatra, o sacerdote se confunde com a divindade. O agente mágico e a divindade fundem-se numa só personalidade. Mas o ego-deus é materialista, possessivo, vingativo; seu discurso não glorifica ao único Deus, Senhor dos céus e da terra, mas favorece a própria dominação, estimula a vassalagem dos seguidores e legitima a dinâmica do poder. A legítima pregação bíblica é substituída por um discurso caracterizado por frases-feitas e palavras de ordem supostamente capazes de mover a mão divina, decretar a bênção e promover bem estar físico e material aos adeptos – normalmente, em troca dos chamados sacrifícios, quase sempre realizados através do dinheiro.
Se, numa determinada comunidade, as pessoas estão dando mais ênfase à experiência espiritual que isola, discrimina os de fora e põe os supostamente espiritualizados em pedestais, é bem provável que estejamos diante da espiritualidade egolátrica, e não do modelo proposto por Jesus Cristo. No Evangelho de Cristo, o que é aparentemente oculto é revelado aos pequeninos do seu Reino. As boas novas “escondidas” em Deus, de fato, estavam sempre presentes; todavia, os seres humanos sofisticados não compreenderam a singeleza dessa mensagem: a de que aos pobres e aos pequeninos é que foram reveladas as boas novas a respeito do Reino de Deus (Lucas 10.18-19). As “revelações” recebidas pelos poderosos dos empreendimentos religiosos não dizem respeito à mesma revelação anunciada pelo Filho de Deus aos pobres e pequeninos.
É muito importante que saibamos discernir entre a espiritualidade revelada por Jesus de Nazaré e aquela praticada nas ambiências egolátricas da cristandade brasileira. 
Fonte: C. Queiroz.  

terça-feira, 29 de maio de 2012

HIPOCRISIA. «Por que reparas no argueiro que está na vista do teu irmão, e não reparas na trave que está na tua própria vista? Como podes dizer ao teu irmão: “Irmão, deixa-me tirar o argueiro da tua vista”, tu que não vês a trave que está na tua? Hipócrita, tira primeiro a trave da tua vista e, então, verás para tirar o argueiro da vista do teu irmão» (Lc 6,41-42)
Jesus vai ao âmago da questão. É fácil ver que as outras pessoas têm falhas, mas muitas vezes não somos suficientemente honestos para reconhecer a falha ou a enorme trave de madeira que nos impede de ver. Jesus chama a isso hipocrisia.


Não havia nada que desagradasse mais a Jesus do que a hipocrisia. Ele amava as pessoas, mas ficava furioso frente a qualquer manifestação de hipocrisia, sobretudo nos líderes religiosos do seu tempo. «Hipócritas!», exclama Ele uma e outra vez. Este desafio não visava apenas os escribas e fariseus. A espiritualidade de Jesus desafia-nos, a todos, a olhar para nós e a reconhecer a nossa própria hipocrisia, a trave nos nossos olhos.
Ser hipócrita é fingir que somos aquilo que não somos, apresentar uma falsa imagem de nós mesmos ao mundo. Tem a ver com a falsidade da nossa vida, com as mentiras e contradições em que vivemos. Tem a ver com a nossa falta de honestidade e sinceridade, com a nossa cegueira. Se eu penso que não sou cego e
que não há trave nenhuma no meu olho, então sou duplamente cego, cego frente à minha própria cegueira (cf. Jo 9,39-41). Jesus põe-nos de sobreaviso contra a ostentação das nossas virtudes frente ao mundo, como aqueles que rezam, jejuam e dão esmola em público a fim de serem notados e admirados pelos
outros (Mt 6,1-18). Estes são hipócritas. Com que facilidade nos tornamos sepulcros branqueados (Mt 23,27). Com que facilidade as palavras da nossa boca contradizem aquilo que está no nosso coração (Mc 7,5-6). Até que ponto o nosso comportamento é exibicionista, visando apenas a nossa boa reputação ou imagem? Jesus não hesitaria em chamar a isso hipocrisia. Segundo Jesus, os que dizem que não conseguem ler os sinais dos tempos mas que sabem ler perfeitamente os sinais de como vai estar o tempo no dia seguinte, são hipócritas (Lc 12,56). Quan do gastamos o nosso tempo a analisar a performance das
nossas acções no mercado, mas ignoramos as duras realidades do nosso tempo, estamos a ser hipócritas. Quando tentamos apanhar alguém em flagrante com uma pergunta inteligente, embora fingindo estar realmente interessados na resposta, então estamos a ser hipócritas, como aqueles que fizeram a Jesus uma pergunta capciosa acerca do pagamento dos impostos (Mc 12,15). Além disso, também somos hipócritas quando criticamos as outras pessoas por fazerem as mesmas coisas que nós fazemos, como aqueles que criticavam Jesus por curar ao shabat, ao passo que eles «infringiam» o shabat soltando o seu boi ou o seu burro para levá-lo a beber água (Lc 13,15). O que está em questão aqui é a honestidade e a verdade. A hipocrisia é uma mentira gritante, uma contradição. Jesus era verda deiro, honesto, sincero e completamente transparente. Por isso o seu olhar era límpido e Ele conseguia detectar as mentiras e a falsidade do mundo que o rodeava. Por isso podia endireitar o mundo, mostrando-nos o verdadeiro mundo. O fermento ou  levedura dos fariseus era a hipocrisia e as mentiras (Lc 12,1). O fermento do Reino de Deus, que Jesus estava a propagar, era a verdade e a honestidade (Lc 13,20-21 e paral.). Nesta época, em que um dos sinais do nosso tempo é a crise de individualismo e a explosão de egoísmo, aprender a saber quem somos realmente é uma questão da máxima urgência. A fome de espiritualidade nunca poderá ser saciada se continuar a ser individualista e centrada na própria pessoa. Hoje em dia, nós sabemos tantas coisas acerca de tudo, desde as estrelas até aos átomos. Até sabemos muito mais acerca do cérebro e da psique
humana. Na maior parte dos casos, porém, não nos conhecemos a nós próprios. Continuamos a não ter perspectiva, imaginando que estamos separados do resto do universo e que somos superiores a todos os outros seres. Demasiadas vezes, como individuos, permanecemos cegos frente às nossas próprias motivações, aos nossos racionalismos, à nossa hipocrisia e à realidade do nosso verdadeiro eu. Como resultado disso, podemos dizer, num sentido muito profundo, que não sabemos absolutamente nada.
Como poderemos então aprender, com toda a honestidade, a enfrentar a verdade acerca de nós próprios?
Deus abençoe a todos!

terça-feira, 15 de maio de 2012


Quanto Custa ser um Cristão?“Pois qual de vós, querendo edificar uma torre, não se senta primeiro a calcular as despesas, para ver se tem com que a acabar?” (Lucas 14:28)

Este versículo é de grande importância. Poucas são as pessoas que não têm freqüentemente de fazer esta pergunta: “Quanto custa?”. Ao comprar um terreno, ao construir uma casa, ao mobiliar as habitações, ao fazer planos para o futuro, ao decidir a instrução e estudos dos filhos, etc., seria sábio e prudente que nos sentássemos a considerar com calma os gastos que tudo isso implicaria. As pessoas evitariam muitas moléstias e dores se ao menos fizessem a pergunta: “Quanto custa ser um crente verdadeiramente ser santo?” Estas perguntas são decisivas. Por não havê-las formulado desde um bom princípio, muitas pessoas que pareciam iniciar bem a carreira cristã, mais tarde mudaram seu rumo e se perderam para sempre no inferno.
Vivemos em tempos muito estranhos. Os acontecimentos se sucedem com extraordinária rapidez. Nunca sabemos “o que o dia nos trará”, quanto mais o que nos trará o ano! Nos nossos dias vemos muitos fazerem confissões de sua religiosidade. Em muitas partes do país as pessoas expressam vivo desejo de seguir um curso de vida santo e um grau mais alto de espiritualidade. É muito comum ver como as pessoas recebem a Palavra com alegria, porém depois de dois ou três anos se afastam e voltam a seus pecados. Há muitos que não consideram o custo de ser um verdadeiro cristão e um crente santo. Nossos tempos requerem de um modo muito especial que paremos e consideremos o custo e o estado especial de nossas almas. Este tema deve preocupar-nos. Sem dúvida o caminho da vida eterna é um caminho delicioso, porém seria loucura de nossa parte fechar os olhos ao fato de que se trata de um caminho estreito e que a cruz vem antes da coroa.

1) O que custa ser um verdadeiro cristão?
Desejo que não haja mal entendidos sobre este ponto. Não me refiro aqui ao quanto custa salvar a alma do crente. Custou nada menos do que o sangue do Filho de Deus ao redimir o pecador e livrá-lo do inferno. O preço de nossa salvação foi a morte de Cristo na cruz do Calvário. Temos “sido comprados por preço”. Cristo derramou o seu sangue em favor de muitos”(Marcos 14:241 Co.6:20). Porém não é sobre este tema que versa nossa consideração. O assunto que vamos tratar é distinto. Refere-se ao que o homem deve estar disposto a abandonar se deseja ser salvo; ao que deve sacrificar se se propõe a servir a Cristo. É neste sentido que formulo a pergunta: “Quanto custa?”.
Não custa grande coisa ser um cristão de aparência. Só requer que a pessoa assista aos cultos do domingo, duas vezes e durante a semana seja medianamente moralista. Este é o “cristianismo” da grande parte dos evangélicos da nossa época. Se trata, pois, de uma profissão de fé fácil e barata; não implica em abnegação nem sacrifício. Se este é o cristianismo que salva e o qual nos abrirá as portas da glória ao morrermos, então não temos necessidade de alterar a mundana descrição do caminho da vida eterna e dizer: “Larga é a porta e largo é o caminho que conduz ao céu”.
Porém, segundo o ensino Bíblico, custa caro ser cristão. Há inimigos que vencer, batalhas que evitar e sacrifícios que realizar; deve-se abandonar o Egito, cruzar o deserto, carregar o peso da cruz e tomar parte na grande caminhada. A conversão não consiste em uma decisão tomada por uma pessoa, em um confortável sofá, para logo em seguida ser levado suavemente ao céu. A conversão marca o início de um grande conflito, e a vitória vem após muitas feridas e contendas. Custa se obter a vitória. Daí concluirmos a importância de calcularmos este custo.
Tratarei de demonstrar de uma maneira precisa e particular o que custa ser um verdadeiro cristão. Suponhamos que uma pessoa esteja disposta a servir a Cristo e se sente impulsionada e inclinada a segui-lo. Suponhamos que como resultado de alguma aflição, de uma morte repentina, ou de um sermão, a consciência de tal pessoa tem sido avivada e agora se dá conta do valor da alma e sente o desejo de ser um verdadeiro cristão. Sem dúvida alguma, todas as promessas do Evangelho se lhe resultarão alentadoras; seus pecados, por muitos e grandes que sejam, podem ser perdoados; seu coração por frio e duro que seja, agora pode ser mudado; Cristo, o Espírito Santo, a misericórdia, a graça, tudo está à sua disposição. Porém, ainda, tal pessoa deveria calcular o preço. Vejamos uma por uma, as coisas que deverá desejar, ou, em outras palavras, o que lhes custará ser cristão

A) Custará sua Justiça Própria
Deverá abandonar o orgulho e a auto-estima de sua própria bondade; deverá contentar-se com o ir ao céu como um pobre pecador, salvo pela gratuita graça de Deus e pelos méritos e justiça de outro (Jesus). Deverá experimentar que “tem errado e se tem desgarrado como uma ovelha”; que não tem feito as coisas que deveria ter feito e feito coisas que não deveria; deve confessar que não há nada são nele. Deve abandonar a confiança em sua própria moralidade e respeitabilidade, e não deve basear sua salvação no fato de que tem ido à igreja, tem orado, tem lido a Bíblia e participado dos sacramentos do Senhor, mas que deve confiar, única e exclusivamente na pessoa e obra de Cristo Jesus.
Isto parecerá muito duro a algumas pessoas, porém não me surpreende que seja assim. “ Senhor - disse um lavrador, temeroso homem de Deus, a James Hervey - é mais difícil negar o nosso EU orgulhoso, que nosso EU pecador. Porém é absolutamente necessário que o neguemos . Aprendamos, pois, de uma vez por todas, que ser um verdadeiro cristão custará a uma pessoa perder sua justiça própria.

B) Custará seus pecados
Deverá abandonar todo hábito e prática que sejam maus aos olhos de Deus. Deve virar o seu rosto contra o pecado, romper com o pecado, crucificar o pecado, mesmo contra a opinião do mundo. Não pode estabelecer nenhuma trégua especial com nenhum pecado que amava antes da sua conversão. Deve considerar a todos os pecados como inimigos mortais de sua alma e odiar todo caminho de falsidade. Por pequenos ou grandes, ocultos ou manifestos que sejam os pecados, deve renunciar completamente a todos eles. Sem dúvida estes pecados tentarão vencê-lo, porém jamais poderá ceder. Sua luta contra o pecado será continua e não admitirá trégua de nenhum tipo. Está escrito: “Lançai de vós todas as vossas transgressões com que transgredistes...”. “cessai de fazer o mal” (Ez.18:31; ls.l:16).
Isto também parecerá muito duro para muitas pessoas; e vemos que freqüentemente nossos pecados são mais queridos do que nossos próprios filhos. Amamos o pecado, o abraçamos com todo nosso ser, nos agarramos a ele, nos deleitamos nele. Separar-nos do pecado é tão duro como separar-nos da nossa mão direita, e tão doloroso como se nos arrancassem um olho. Porém devemos separar-nos do pecado; não há outra alternativa possível. “Ainda que o mal lhe seja doce na boca, e ele o esconda debaixo da língua, e o saboreie, e o não deixe, antes o retenha no seu paladar.. “ ,sendo este o caso, devemos apartá-lo de nós si em verdade desejamos ser salvos (Jó 20:12-13). Se desejamos ser amigos de Deus, devemos primeiro romper com o pecado. Cristo está disposto a receber os pecadores, porém não aqueles que se agarram a seus pecados. Anotemos pois, também isto: o ser cristão custará a uma pessoa seus pecados.

C) Custará seu amor à vida fácil.
Para correr com êxito a corrida ao céu se requer esforço e sacrifício. Haverá de velar diariamente e estar alerta, pois se encontrará em território inimigo. Em cada hora e em cada instante deverá vigiar sua conduta, sua companhia e os lugares que freqüenta. Com muito cuidado haverá de dispor de seu tempo e vigiar sua língua, seu temperamento, seus pensamentos, sua imaginação, seus motivos e sua conduta em suas relações diárias. Terá que ser diligente em sua leitura da Bíblia, em sua vida de oração, na maneira como passa o Dia do Senhor e participa dos meios de graça. Certamente que não poderá conseguir perfeição em todas estas coisas, porém mesmo assim, não pode descuidar-se. “O preguiçoso deseja, e nada tem, mas a alma dos diligentes se farta” (Pv.13:4).
Também isto parece duro e difícil. Não há nada que nos desagrade tanto como as dificuldades na nossa confissão religiosa; por natureza evitamos as dificuldades. Secretamente desejaríamos que alguém pudesse cuidar de nossas obrigações religiosas e que desempenhasse por procuração nosso cristianismo. Não está de acordo com o nosso coração tudo aquilo que implique em esforço e trabalho; porém sem dor não há lucro para a alma. Deixemos bem firmado este fato: o ser cristão custará a uma pessoa seu amor pela vida fácil.

D) Custará o favor do mundo.
Se deseja agradar a Deus deve saber que será depreciado pelo mundo. Não deve estranhar se o mundo o engana, lhe ridiculariza, se levanta calúnias contra você e o persegue e o odeia. Não deve se surpreender se as pessoas o depreciam e com desdém condenam suas opiniões e práticas religiosas. Deve resignar-se a que o acusem de tolo, entusiasta e fanático, e inclusive que distorçam suas palavras e representem falsamente suas ações. Não se surpreenda de que o tachem de louco. O Mestre disse: “Lembrai-vos da palavra que eu vos disse: Não é o servo maior do que seu senhor. Se me perseguiram a mim, também perseguirão a vós outros; se guardaram a minha palavra, também guardarão vossa” (Jo.15:20).
Também isto parece duro e difícil. Por natureza nos desagrada o proceder injusto e as acusações falsas. Se não nos preocupa a boa opinião dos que nos rodeiam deixaríamos de ser de carne e osso._Sempre resulta desagradável ser o alvo de criticas injustificadas e objeto de mentira e falsas acusações; porém não podemos evitá-lo. Do cálix que bebeu o Mestre também devem beber seus discípulos. Estes devem ser “...desprezado, e o mais rejeitado entre os homens... (Is.53:3). Anotemos, pois, o dito: ser cristãocustará a pessoa o favor do mundo .
Esta é, pois, a lista do que custará a uma pessoa ser cristã. Devemos aceitar o fato de que não é uma lista insignificante. Nada podemos riscar dela. Resultaria uma temeridade fatal se defendesse por justiça própria, os pecados, o amor à vida fácil, o amor ao mundo e crer que vivendo assim poder-se-ia salvar-se.
A realidade é esta: custa muito ser um verdadeiro cristão. Porém, que pessoa, no sentido pleno, pode dizer que este preço é demasiado elevado pela salvação da alma? Quando o barco está em perigo de afundar-se, a tripulação não vacila em lançar ao mar a preciosa carga. Quando a gangrena envolve a extremidade de um membro a pessoa se submeterá a qualquer operação, inclusive a amputação deste membro. Com maior motivo, pois, o crente está disposto a abandonar qualquer coisa que se levante entre sua alma e o céu. Uma religião que não custa nada, nada vale. Um cristianismo barato - sem a cruz - cedo ou tarde manifestará sua inutilidade; jamais levará a posse da coroa. Sem cruz não há coroa

II) A Importância de Calcular o Custo.
Facilmente poderíamos resumir o assunto estabelecendo o princípio de que nenhuma das obrigações prescritas por Cristo pode ser descuidada sem grande prejuízo para a alma. São muitos os que fecham os olhos para a realidade da fé salvadora e evitam considerar o quanto custa ser cristão. E para ilustrar o que digo eu os poderia descrever o triste fim daqueles que, ao declinar seus dias, se dão conta desta realidade e fazem esforços espasmódicos para voltar-se para Deus. Porém, com grande surpresa se dão conta de que o arrependimento e a conversão não eram tão fáceis como haviam imaginado e que custa “uma grande soma” ser um cristão. Descobrem, também, que os hábitos do orgulho e a indulgencia pecaminosa, junto com o amor a vida fácil e mundana, não podem abandonar-se tão facilmente como haviam pensado. E assim, depois de uma débil luta, caem em desespero a abandonam este mundo sem esperança, sem graça e sem estar preparados para comparecer diante de Deus. Em suas vidas alimentaram a idéia de que o assunto espiritual poderia ser solucionado prontamente e facilmente. Porém abrem seus olhos quando já é demasiado tarde e descobrem, pela primeira vez na vida, que estão indo para perdição por não haver antes “calculado o custo”.
Porém, há uma classe de pessoas as quais quero dirigir-me ao desenvolver esta parte do tema. E um grupo numeroso e que espiritualmente está em grande perigo. Tratarei de descrever estas pessoas e ao fazê-lo agucemos nossa atenção. Estas pessoas não são, como as anteriores, ignorantes do evangelho; não, ao contrário: pensam muito nele; não ignoram o conteúdo da fé; conhecem bem os esquemas da revelação. Porém, o grande defeito das tais pessoas é que não estão “arraigadas nem fundamentadas na fé”. Com muita freqüência o conhecimento religioso destas pessoas é de segunda mão; têm nascido de famílias cristãs, têm-se educado em uma atmosfera cristã, porém nunca têm experimentado em suas vidas as realidades do novo nascimento e a conversão. Precipitadamente e talvez por pressões diversas, ou pelo desejo de ser como os demais, têm feito profissão de fé e se tem unido a membresia de alguma igreja, porem sem haver experimentado uma obra da graça em seus corações. Estas pessoas estão em uma posição perigosíssima e são as que mais necessitam da exortação de calcular o custo de serem verdadeiros cristão
Por não haver calculado o custo um grande número de israelitas pereceu miseravelmente no deserto entre o Egito e Canaã. Cheios de zelo e entusiasmo abandonaram a terra de Faraó e parecia que nada poderia pará-los. Porém, tão logo encontraram perigos e dificuldades no caminho, seu calor não tardou em esfriar-se. Nunca pensaram na possibilidade de que pudessem surgir obstáculos. Pensavam que em questão de dias entrariam na posse da terra prometida. E assim, quando pelos inimigos, privações, sede e fome, foram provados, começaram a murmurar contra Moisés e contra Deus e desejaram voltar ao Egito. Em uma palavra: “não calcularam o custo” e em conseqüência morreram em seus pecados.
Por não haver calculado o custo, muitos dos seguidores de Jesus voltaram suas costas “... e já não andavam com ele” (JO.6:66). Quando pela primeira vez viram seus milagres e ouviram sua pregação, pensaram: “O Reino de Deus virá a qualquer momento”. Se uniram ao número dos apóstolos e, sem pensar nas conseqüências, o seguiram. Porém se deram conta de que se tratava de doutrinas duras de crer, e uma obra dura de realizar, e de uma missão dura de se levar a termo, sua fé se desmoronou e nada ficou da mesma. Em uma palavra: não pararam para “calcular o custo”, por isso naufragaram na sua profissão de fé cristã.
Por não haver calculado o custo, o rei Herodes voltou outra vez a seus velhos pecados e destruiu a sua alma. Desfrutava ouvindo a pregação de João Batista. O admirava e considerava um homem justo e santo, e inclusive o ouvia “de boa mente” . Porém, quando se deu conta de que devia abandonar a sua favorita Herodias, sua profissão de fé religiosa se desvaneceu por completo. Não havia pensado nisto; não havia “calculado o custo” (Marcos 6:20)..
Por não haver calculado o custo, Demas abandonou a companhia de Paulo, abandonou o evangelho, deixou a Cristo e perdeu o céu. Por longo período de tempo com o grande apóstolo dos gentios e se converteu em um dos seus companheiros de trabalho. Porém, quando se deu conta de que não podia participar da companhia do mundo e de Deus ao mesmo tempo abandonou o cristianismo e se uniu ao mundo. “Demas, tendo amado o presente século” - nos diz Paulo - “me abandonou... “ (II Tm.4: 10). Não havia calculado o custo.
Por não haver calculado o custo milhares de pessoas que têm sentido uma experiência religiosa sob a evangelização de famosos pregadores naufragam espiritualmente. Se excitam e emocionam e chegam a pensar que experimentaram uma obra genuína de conversão; porém, na realidade não tem sido assim. Receberam a Palavra com alegria tão espetacular que inclusive surpreenderam os crentes experimentados. Com tal entusiasmo falavam da obra de Deus e das coisas espirituais que os crentes mais velhos chegavam a envergonhar-se de si mesmos. Porém, quando a novidade e o frescor de seus sentimentos se dissiparam, uma repentina mudança lhes sobreveio e demonstraram que na realidade não eram mais do que corações de terreno pedregoso em que a Palavra não pôde lançar raízes profundas.“O que foi semeado em solo rochoso, esse é o que ouve a palavra e a recebe logo, com alegria; mas não tem raiz em si mesmo, sendo antes de pouca duração; em lhe chegando a angústia ou a perseguição por causa da palavra, logo se escandaliza” (Mt.13:20-21). Pouco a pouco se derrete o céu de tais pessoas e seu amor se esfria. Por fim chega o dia quando seu assento na igreja está vazio e já nada se sabe deles. Por que? Porque não “calcularam o custo”.
Por não haver contado o custo, milhares de pessoas que professaram ser salvas em reuniões de avivamento, depois de um tempo voltam ao mundo e são motivo de vergonha para o evangelho. Começam com uma noção tristemente equivocada do que seja o verdadeiro cristianismo. Imaginam que a fé cristã não é mais que uma “decisão por Cristo”, uma mera experiência de certos sentimentos de alegria e paz. Logo que se dão conta de que têm de carregar uma pesada cruz no peregrinar até o céu, de que o coração é enganoso e de que o diabo está sempre ativo, se decepcionam e esfriam e retornam a seus velhos pecados. Por que? Porque nunca chegaram a saber o que é o cristianismo da Bíblia. Nunca aprenderam a calcular o custo.
Por não haver calculado o custo, freqüentemente os filhos de pais crentes dão um pobre testemunho do que é o cristianismo e são motivo de afronta para o evangelho. Desde a infância se familiarizaram de uma maneira teórica com o conteúdo do evangelho. Têm aprendido de memória longas passagens da escritura e têm assistido com certa regularidade a Escola Dominical, porém na realidade nunca têm pensado seriamente no que têm aprendido. E quando as realidades da vida começam a fazer-se sentirem suas vidas, com grande assombro por parte dos membros da congregação, estes filhos de crentes abandonam toda religião e submergem de cheio no mundo. Por que? Porque nunca chegaram a entender seriamente os sacrifícios e conseqüências que uma profissão de fé séria o cristianismo exige. Nunca se lhes ensinou a calcular o custo.
Estas verdades são tão solenes como dolorosas, porém são verdades e põem em relevo a importância do tema que estamos considerando. São considerações que põem de manifesto a absoluta necessidade que têm todos aqueles que professam um desejo profundo de santidade, de fazer-se a pergunta: Quanto custa?
Melhor iriam as coisas em nossas igrejas se ensinassem a seus membros a calcular o custo que implica a profissão de fé cristã. A maioria dos líderes religiosos dos nossos dias dão mostras de uma impaciente pressa nas coisas do evangelho. Parece que o único grande fim a que se propõem é a conversão instantânea das almas, e em torno disto centralizam seus esforços. Esta maneira tão parcial e vazia de ensinar e apresentar o cristianismo é funesta.
Não interpretem mal o que digo. Eu aprovo inteiramente que se ofereça a salvação de uma maneira imediata, gratuita e completa em Cristo. Aprovo plenamente que se chame com urgência os pecadores a que se convertam imediatamente depois de se ouvir a mensagem de salvação. E a estas coisas não cedo o primeiro lugar. Mas condeno a atitude e o proceder de alguns que apresentam estas verdades por si só, isoladas e sem relação às demais verdades de todo conselho de Deus. Além destas verdades, com toda honestidade devemos advertir os pecadores das obrigações que impõe o serviço a Cristo e o que implica sair do mundo. Não temos direito de forçá-los a entrar no exército de Cristo, se antes não os temos advertido e prevenido da magnitude da batalha cristã. Em uma palavra: devemos adverti-los do custo de ser um verdadeiro cristão.
Não foi esta a maneira de proceder do nosso Senhor Jesus? O evangelista Lucas nos diz que, em certa ocasião “Ora, ia com ele uma grande multidão; e voltando-se, disse-lhes: Se alguém viera mim, e não aborrecer a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs, e ainda a sua própria vida, não pode ser meu discípulo. E qualquer que não levar a sua cruz, e não vier após mim, não pode ser meu discípulo”(Lc. 14:25-27). Francamente, não se pode reconciliar esta passagem bíblica com a maneira de proceder de muitos mestres religiosos da nossa época; no que a mim concerne, a doutrina do mesmo é clara como a luz do meio dia. Esta doutrina ensina que não temos que forçar os pecadores a uma precipitada confissão de fé cristã, sem antes não os termos advertido claramente da necessidade que têm de calcular o custo.
Lutero, Latimer, Baxter, Wesley, Whitefield, Rowland HilI, e outros, procederam segundo a maneira pela qual defende este texto. Todos estavam bem cientes do caráter enganoso do coração humano; e sabiam bem que não é ouro1 tudo que reluz, que a convicção não é conversão, que a emoção não é fé, que o sentimento não é graça, que não é de todo botão que provém fruto. “Não vos enganeis - era o grito constante destes pregadores - pensai bem no que fazeis; não corrais antes de haverdes sido chamados; calculem o custo!”.
Se desejamos fazer o bem, não nos envergonhemos de seguir as pisadas do nosso Senhor Jesus Cristo. Exortem as pessoas a que considerem seus caminhos. Obrigue-os com santa violência a que entrem e participem do banquete a que se entreguem completamente a Deus. Ofereça-os uma salvação gratuita, completa e imediata. Insta-os uma e outra vez a que recebam a Cristo na plenitude de seus benefícios. Porém, em tudo, diga-lhes a verdade, toda a verdade! Alguns pregadores se utilizam de atos vulgares para recrutar adeptos. Não fale somente do uniforme, do soldo e da glória, fale também dos inimigos da batalha, da armadura, das sentinelas, das marchas, e dos exercícios. Não apresente apenas uma parte do cristianismo. Não esconda a cruz da abnegação, que todo peregrino cristão deve levar, quando falar da cruz sobre a qual Cristo morreu para nossa redenção. Explique com detalhes tudo o que a1, profissão de fé cristã implica. Rogue com insistência várias vezes aos pecadores que se arrependam e corram para Cristo; porém, insista, ao mesmo tempo, a que se sentem e calculem o preço.

III) Sugestões para Ajudar a Calcular Corretamente o Custo.
Mencionarei alguns fatores que sempre influenciam nos nossos cálculos para saber o custo do verdadeiro cristianismo. Considere com calma e equilíbrio o que se tem de deixar e o que se tem de provar para chegar a ser discípulo de Cristo. Não esconda nada, considera tudo. E logo, faça as seguintes somas, tendo o cuidado de repassá-las bem para não haver equivoco, pois o resultado correto dos mesmos é alentador:
  1. Conte e compare os benefícios e as perdas que um discipulado verdadeiramente cristão contém. Muito possivelmente perderás algo deste mundo, porém ganharás a salvação da alma imortal. Está escrito: “Que aproveita ao homem, ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?” (Mc.8:36). 
  2. Conte e compare os elogios e censuras, se é que és um cristão verdadeiro. Muito provavelmente terás de sofrer as reprovações do mundo, porém, terás a aprovação de Deus, Pai, Filho e Espírito Santo. As censuras vêm dos lábios de pessoas equivocadas, cegas e falíveis; a aprovação vem do Rei dos reis o Juiz de toda a terra. Está escrito: “Bem-aventurado sois quando, por minha causa, vos injuriarem e vos perseguirem e, mentindo, disserem todo mal contra vós. Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; pois assim perseguiram aos profetas que viveram antes de vós” (Mt. 5:11-12). 
  3. Conte e compare os inimigos e amigos. Por um lado tens a inimizade do diabo e dos maus; por outro, tens o favor e a amizade de Cristo Jesus. Os inimigos, quando muito, podem produzir-te alguns arranhões, pode rugir forte e rodear a terra e o mar para tratar de arruinar a tua alma; porém não pode de modo nenhum destruí-la. Teu Amigo é poderoso para salvar-te eternamente. Está escrito: “Digo-vos, pois, amigos meus: Não temais os que matam o corpo e, depois disso, nada mais podem fazer. Eu, porém, vos mostrarei a quem deveis temer: Temei aquele que depois de matar, tem poder para lançar no inferno. Sim, digo-vos, a esse deveis temer” (Lc. 12:4-5). 
  4. Conte e compare a vida presente e a por vir . A vida presente não é fácil; implica em vigilância, oração, luta, esforço, fé e labor; porém, só é por poucos anos. A vida vindoura será de descanso e repouso; a influência do pecado já terá terminado e satanás estará acorrentado. E, ah! será um descanso para toda eternidade. Está escrito: “Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para noS eterno peso de glória, acima de toda comparação, não atentado nós nas cousas que se vêem; porque as cousas que se vêem são temporais, e as que se não vêem são eternas” (2 Co.4:17-18). 
  5. Conte e compare os prazeres do pecado e a felicidade do serviço a Deus. Os prazeres que o homem mundano obtêm são vazios, irreais, não satisfazem. São como a fogueira que fazem os espinhos arder: range e brilha, porém, só por uns minutos, logo se apaga e desaparece. A felicidade que Cristo ou torga a seu povo é sólida, duradoura e substancial; não depende da saúde nem das circunstâncias; nunca abandona o crente, nem mesmo na hora da morte. E uma felicidade que, além disso, se verá galardoada com uma coroa incorruptível. Está escrito: “O júbilo dos perversos é breve” “Pois qual o crepitar dos espinhos debaixo duma panela, tal é a risada do insensato” (Jó 20:5; Ec.7:6). Porém também está escrito: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la a dou com a dá o mundo. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize” (Jo. 14:27). 
  6. Conte e compare as tribulações que o cristianismo verdadeiro implica e as tribulações que sobrevirão aos maus após a morte . A leitura da Bíblia, a oração, a luta cristã, uma vida de santidade, etc., implica em dificuldades e exigem abnegação por parte do crente. Porém não é nada em comparação com a “ira que virá” e que se desencadeará sobre os impenitentes e os incrédulos. Um só dia no inferno será muito mais intolerável que toda uma vida de peregrinação levando a cruz. O “bicho que nunca morre e o fogo que nunca se apaga” é algo que vai mais além do que a mente humana pode conceber e descobrir. Está escrito: “Filho, lembra-te de que recebeste os teus bens em tua vida, e Lázaro igualmente os males; agora, porém, aqui, ele está consolado; tu em tormentos”(Lc.16:25). 
  7. Considere e compare, em último lugar, o número daqueles que se voltam do pecado e do mundo para servir a Cristo, e o número daqueles que deixam a Cristo e voltam ao mundo. Os que se voltam do pecado e do mundo para servir a Cristo são muitos; porém nenhum dos que realmente têm conhecido a Cristo voltam ao inundo. Cada ano multidões abandonam o caminho largo e tomam a senda estreita que conduza vida. Nenhum dos que andam pelo caminho estreito se cansam do mesmo e voltam ao caminho. O caminho largo registra muitas pegadas de pessoas que torceram seu rumo e o abandonaram; porém, as pegadas dos caminhantes do caminho estreito, que conduz ao céu todas seguem a mesma direção. Está escrito “O caminho dos perversos é como a escuridão”. “O caminho dos pérfidos é intransitável” (Pv.4:19; 13:15). Porém, também está escrito: “Mas a vereda dos justos é como a luz da aurora que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito” (Pv.4: 18).
Estas somas e estas contas freqüentemente não se fazem corretamente; por isso há pessoas que continuamente e não podem dizer se vale a pena ou não servir a Cristo. As perdas e ganhos, as vantagens e desvantagens, as tribulações e os prazeres, as ajudas e os obstáculos, lhes dão um balanço tão igual, que não podem optar por Cristo. É que não têm feito a soma corretamente.
Como se explica o erro de tais pessoas? Se deve a uma carência de fé por sua parte. Para chegar a uma conclusão correta sobre nossas almas, devemos conhecer algo daquele poderoso princípio que Paulo menciona no capítulo 11 de sua Epístola aos Hebreus. Permitam-me demonstrar de que maneira intervém este princípio no grande “negócio” de calcular o custo.
A que se deveu o fato de Noé perseverar até o fim na construção da arca? Estava só em meio a uma geração pecadora, incrédula e havia de sofrer o opróbrio, a zombaria e o ridículo das pessoas. O que lhe deu fortaleza ao seu braço e paciência em seu labor? Foi a fé. Noé cria na ira que havia de vir; cria que só na arca poderia achar o refúgio seguro. Pela fé considerou e teve como pobre o conceito e a opinião do mundo. Pela fé calculou o custo e não duvidou de que a construção da arca significava um ganho.
A que se deveu o fato de Moisés rejeitar os prazeres do Egito e recusar-se ser chamado de filho da filha de Faraó? Como pode escolher ser maltratado com o povo de Deus e dirigir ao povo hebreu á terra da promissão, livrando-o da terra da escravidão? Segundo o testemunho do olho humano dos sentidos iria perder tudo e não ia ganhar nada em troca. O que impulsionou Moisés a agir dessa forma? Foi a fé. Ele cria que acima de Faraó havia UM maior e mais poderoso que o dirigiria e protegeria em sua grande missão. Ele tinha por maiores riquezas o vitupério de Cristo que todos os tesouros dos egípcios. Pela fé calculou o custo e “como vendo o invisível”, se persuadiu de que o abandono do Egito e o peregrinar pelo deserto era, na realidade, ganho.
Que foi que fez o fariseu Saulo de Tarso decidir deixar a religião de seus pais e abraçar o Cristianismo? Os sacrifícios e os custos que a mudança implicava eram em verdade enormes. No entanto, Paulo abandonou todas as brilhantes perspectivas que tinha entre os de sua nação; trouxe sobre si, ao invés do favor dos homens, o ódio do homem, a inimizade do homem, a perseguição do homem até a morte. A que se deveu o fato de Paulo poder fazer frente a tudo isso? Se deveu a sua fé. Ele cria que Jesus, a quem conheceu no caminho de Damasco, poderia dar-lhe cem vezes mais do que o que abandonara, e no mundo vindouro a vida eterna. Pela fé calculou o custo, e viu claramente até que lado se inclinava a balança. Cria firmemente que o tomar a cruz de Cristo sobre si era ganho.
Notemos bem todas estas coisas. A fé que fez Noé, Moisés e Paulo fazerem as coisas que fizeram, é o segredo que nos levará a conclusões corretas com respeito a nossa alma. A mesma fé tem de ser nossa ajudadora e nosso livro de contas quando nos sentamos para calcular o custo do verdadeiro cristianismo. Esta fé, se a pedimos a receberemos. “Ele dá maior graça” (Tiago 4:6). Armados com esta fé apreciaremos as coisas no seu justo valor. Cheios desta fé, nunca aumentaremos a cruz nem diminuiremos a coroa. Nossas conclusões serão todas corretas; nossa soma total não registrará erros.

Conclusão
Em conclusão desejo que consideres seriamente se tua profissão de fé religiosa te custa atualmente algo. Mui possivelmente não te custa nada. Com toda probabilidade tua religião não te custa dificuldades, nem tempo, nem pensamentos, nem cuidados, nem dores, nem leitura alguma, nem oração, nem abnegação, nem conflito, nem trabalho, nem labor de nenhuma classe. Bem, pois não te escuses do que vou te dizer: esta profissão de fé nunca poderá salvar tua alma; nunca te dará paz enquanto estás vivo, nem esperanças na hora da morte. lima religião que não custa nada, não vale nada. Desperta! Desperta! Desperta e crê! Desperta e ora! Não descanses até que possas dar uma resposta satisfatória a minha pergunta: “Que te custa?”
Pensa se é que necessitas de motivos que te estimulem mais e mais para o serviço do Senhor, pensa no muito que custou a salvação de tua alma. Considera que nada menos do que o Filho de Deus teve de abandonar o céu, fazer-se homem, sofrer a cruz, ser sepultado, para logo ressuscitar vitorioso sobre o pecado e a morte, e tudo para obter a redenção de tua alma. Pensa em tudo isso e te convencerás de que não é algo insignificante possuir uma alma mortal. Vale a pena tomar-se o incômodo de pensar sobre a esta alma tão preciosa.
Ó, homem preguiçoso! Ó, mulher preguiçosa! Te conformarás com perder o céu por mero fato de que não queres te preocupar com as coisas espirituais? Tanto te repugna o exercício e o esforço como para permitir que tua alma naufrague para toda a eternidade? Sacode esta atitude covarde e indigna! Lavanta-te e porta-te varonilmente! Que não termine o dia sem que hajas dito a ti mesmo: “Por muito que seja o custo, eu tomo a determinação de esforçar-me para entrar pela porta apertada”. Olha a cruz de Cristo e receberás alento para seguir adiante, e valor para consegui-lo. Sê sincero e realista com tua própria situação espiritual; pensa na morte, no juízo, na eternidade. Poderá custar muito o ser cristão, porém podes estar seguro de que vale a pena.
Se algum leitor realmente sente que tem calculado o custo, e tomado sobre si a cruz, eu o exorto a quepersevere e continue em frente. Talvez freqüentemente sintas como se teu coração estivesse a ponto de desfalecer, e que o ímpeto da tentação ameaça naufragá-lo no desespero. Eu te digo: persevera, segue em frente. Não há dúvida de que teus inimigos são muitos, e os pecados que te rodeiam batem com ímpeto; talvez os teus amigos sejam poucos, e o caminho íngreme e estreito. Porém, mesmo assim, nestas circunstâncias, persevera e segue adiante.
O tempo é muito curto. Uns poucos anos de vigilância e oração, uns vão e vêm sobre as ondas do mar deste mundo, umas poucas mortes a mais, umas mudanças a mais, uns poucos verões a mais, e já não haverá necessidade de muita luta.
A presença e companhia de Cristo compensará os sofrimentos deste mundo. Quando nos vemos como somos vistos, e olhamos até a nossa jornada da nossa vida, nos surpreenderemos de nossa debilidade e desmaios de coração. Ficaremos surpresos de que demos tanta importância a nossa cruz, e pensamos tão pouco em nossa coroa. Ficaremos maravilhados de que calculando o custo, chegamos até a duvidar para onde se inclinava a balança. Animemo-nos! Não estamos longe do nosso lugar eterno!


PODE CUSTAR MUITO SER UM VERDADEIRO CRISTÃO
E UM CRENTE FIEL, PORÉM VALE A PENA!

por J. C. Ryle.
Fonte: Jornal “Os Puritanos”. 

sexta-feira, 11 de maio de 2012


*COPREENDENDO O NAMORO BIBLICAMENTE (Completo)
Parte 1. INTRODUÇÃO
Deixa que digam, que pensem, que falem;
deixa isso pra lá, vem pra cá, o que é que tem?
Eu não estou fazendo nada, você também.
Faz mal bater um papo assim gostoso com alguém?
Essa música expressa a visão pela qual o mundo enxerga um relacionamento a dois, entre pessoas de sexo diferente. O importante é curtir o momento e as sensações de uma relação emocional e física com alguém que me atrai. Não devo pensar nas conseqüências, apenas deixar o clima rolar e ver no que dá.
Infelizmente, essa visão distorcida não é exclusividade de incrédulos. Muitos cristãos demonstram imaturidade espiritual e emocional, ao lidarem com pessoas do sexo oposto e ao iniciarem um relacionamento de namoro com alguém. Como bem destacou Jayro Cáceres, “A nossa cultura tem torcido os valores bíblicos… As palavras ‘curtir e aproveitar’ têm substituído a palavra ‘preparar’”.
Isso revela, de modo profundo, como há uma carência séria e triste da compreensão bíblica do que o namoro realmente significa e qual o seu propósito. O objetivo deste estudo, então, é fornecer a fundamentação e perspectiva bíblica para aqueles que pensam em namoro, preparando-os para os passos corretos, com um foco acertado e de um modo que honre e glorifique a Deus.

UM NAMORO COM PROPÓSITOS.
É essencial para um namoro ter propósitos bem claros e delineados. Ainda que o
casamento deva estar em foco, sempre, ele não é o propósito principal, mas conseqüência de
outros dois propósitos que devem governar nossas vidas.
1. O namoro deve visar a glória de Deus – Rm 11.36; 1 Co 10.31; Cl 3.17
2. O namoro precisa ser uma caminhada rumo à imagem de Cristo – Pv 17.17; Rm 8.29; Ef 4.15-16

Quando estes dois focos são bem claros, antes de tudo, na nossa vida de solteiro, então, saberemos conduzir um namoro agradável a Deus (Rm 12.1; Ef 4.9-10). Um namoro que honra a Deus, sem dúvida, visará o casamento, pois Deus, não criou o namoro em si, mas o casamento. A afeição compartilhada por um casal só tem sentido quando busca a lealdade e a intimidade profunda no casamento. Qualquer relacionamento que fuja disso é brincar com os sentimentos alheios e defraudação (1 Co 13.4-5; Fp 2.3-4; 1 Ts 4.3-6). Vejamos algumas fundamentações bíblicas:
1. O casamento faz parte do plano de Deus na criação da humanidade – Gn 2.18, 24.
2. O casamento reflete a imagem de Deus no homem, em que há diversidade e
unidade, ao mesmo tempo – Gn 1.27.
3. No Antigo Testamento, o relacionamento pré-matrimonial entre dois jovens, deveria visar o casamento – Dt 22.23, 24 (esse texto mostra o grau de fidelidade que a noiva devia ao seu futuro marido, idêntico ao de uma mulher casada); Mt 1.18-19, 24-25.
“No Oriente Próximo o noivado ... é quase tão definitivo como o próprio casamento. Na Bíblia a mulher comprometida em noivado era algumas vezes chamada de ‘esposa’ e estava obrigada à mesma fidelidade ... e o noivo era algumas vezes chamado de ‘esposo’”.
4. O livro de Cantares mostra o amor romântico que se desenvolve no noivado (Ct 1.1. – 3.5) e se concretiza na aliança do casamento e na vida a dois (Ct 3.6 - 8.14).
5. O casamento reflete a relação entre Cristo e a Igreja, previsto desde a eternidade por Deus e que reveste o casamento de dignidade - Ef 5.22-33.
A Bíblia não fala diretamente do namoro, mas apresenta o modelo do noivado que é o que mais se aproxima do namoro atual, em que dois jovens, se comprometem a buscarem a vontade juntos quanto à possibilidade de casamento e caminham nessa direção. Como fora destacado:
Quando dois jovens começam a namorar, isso não significa absolutamente que eles irão casar. Mas, deve significar, pelo menos, que eles pensam em se casar. Entregar a mão [...] e o tempo a uma pessoa com quem não se pensa em casar, é pecado. Quando o namoro busca o casamento, “elimina a idéia de curtição e acentua o seu caráter de preparação”. Pois o namoro “é uma fase de preparação para o casamento e mais uma oportunidade para o exercício da suprema tarefa da Humanidade, glorificar o nome de
Deus”.

PRINCÍPIOS ORIENTADORES
Dentro dos propósitos acima, alguns princípios orientadores precisam ser seguidos, visando a glória de Deus no namoro:
1. O namoro deve ocorrer apenas no contexto entre pessoas da mesma fé –  1 Co 7.39; 2 Co 6.14 – 7.1. “A Bíblia ensina com clareza que crentes não devem se colocar em jugo desigual (2 Co 6.14-16). A visão nítida, preto no branco, de 2 Coríntios 6 – justiça ou iniqüidade, luz ou trevas, Cristo ou o Maligno, crente ou o incrédulo, Deus ou ídolos – não dá margem a erro!” “As Escrituras afirmam claramente que um cristão não deve nem considerar um cônjuge incrédulo”. “Ser crente é algo mais que confessar sua fé em Jesus Cristo. É também algo mais que ser membro de uma igreja. Ser crente é um estilo de vida. Na prática, significa que você ama a Jesus e está pronto a depender dEle mais que de seu cônjuge”.
Muita dor pode ser evitada quando o crente decide se submeter fielmente a Deus nessa área. Um relacionamento íntimo com um incrédulo implica em deixar a visão bíblica de vida cristã e adotar à cosmovisão do(a) namorado(a), que está completamente distante de Deus e morto espiritualmente em seus pecados (Ef 2.1-3).
2. O namoro cristão deve ocorrer no contexto de um desenvolvimento da maturidade cristã – Ef 4.15-16; Cl 3.16. É imprescindível que as duas pessoas que pretendem iniciar um namoro, na direção de um casamento, estejam crescendo na sua fé pessoal com Cristo e juntamente com a igreja, como comunidade. Tanto o texto de Efésios como o de Colossenses que abordam a questão do casamento, a inserem dentro de um contexto de vida espiritual frutífera tanto pessoalmente como em comunidade (ver Ef 5.15-33; Cl 3.12-19).
3. O namoro cristão deve florescer dentro de afinidades cristãs e teológicas – Ec 4.12; Mc 3.24, 25. “Cristão” ou “evangélico” se tornaram termos tão gerais, que é necessário conhecer bem a pessoa, antes, de cultivar um relacionamento afetivo, em que se abra o coração ao outro. É muito importante a pessoa avaliar se o outro pensa de modo concorde a respeito de várias questões muito importantes.   O que
meu pretendente pensa a respeito de Deus, doutrinas da fé cristã (ex. 1 Jo 4.1-3), vida de devoção pessoal e comunitária, vida familiar, situações de conflito, trabalho e amigos, certamente, são muito importantes para se dar um passo na direção de um namoro e casamento.
4. O namoro cristão precisa visar objetivos futuros em comum - Am 3.3.  “Unir-se significa andar na mesma direção que seu cônjuge ... Duas pessoas muito diferentes podem ter um casamento maravilhoso, mas há alguns aspectos básicos em que o acordo é necessário para que um homem e uma mulher possam se unir
um ao outro”. Quando os três pontos acima são avaliados com honestidade e seguidos, então, há uma grande possibilidade de que este último seja observado com sucesso. Todavia, planos como futura profissão ou ministério, estilo de vida, entre outros, precisam ser avaliados com cuidado e ser percebido até que ponto um se adapta ao plano e projeto do outro e está disposto a seguir com o relacionamento nas condições conversadas.

COPREENDENDO O NAMORO BIBLICAMENTE - Parte 2
INTRODUÇÃO
Na primeira parte deste estudo, vimos sobre os propósitos principais que devem orientar a caminhada do namoro rumo ao casamento. Além disso, observamos alguns princípios orientadores que nos auxiliarão a tomar decisões sábias nessa área tão preciosa, mas ao mesmo tempo, de importância imensa. Agora, gostaria de focar alguns pontos específicos dos passos em direção ao namoro e casamento.
Questões como:
· “Que passos iniciais devo tomar para conhecer meu futuro(a) esposo(a) e qual seria um modo sábio de me relacionar com ele(a) nessa fase inicial?”;
· “Qual o papel e importância dos meus pais e irmãos mais velhos na fé em
minhas decisões sobre namoro?”;
· “Durante o desenvolvimento de nosso namoro e noivado como lidar com os
limites e tensões do relacionamento físico?”.
Esses são pontos que todo o jovem solteiro ou que namora, pensa quando lida de modo sério, diante de Deus, com a possibilidade ou realidade do namoro. De início preciso dizer que não tenho respostas prontas para algumas questões realmente difíceis de se lidar. Porém, creio na suficiência das Escrituras, já que seus mandamentos “são límpidos, e trazem luz aos olhos” (Sl 19.8, NVI). “A Tua Palavra é lâmpada que ilumina
os meus passos e luz que clareia o meu caminho” (Sl 119.105, NVI). Assim, crendo nas orientações da Palavra de Deus e na sabedoria prática concedida pelo Espírito de Deus àqueles que amam ao Senhor e que anseiam por tomar decisões acertadas diante dEle, é que daremos início a esta segunda parte de nosso estudo.
DESENVOLVENDO AMIZADE COM PROFUNDIDADE
A sabedoria popular diz que se um homem e uma mulher querem se conhecer bem, devem, então, se aprofundar no relacionamento em todos os sentidos, tanto físico  quanto emocional e relacional. Assim, é comum ouvir de colegas que foram para a “balada” no último final de semana, conheceram alguém que acharam “legal” ou “interessante”, foram para o motel, depois e, agora, estão namorando. Sem dúvida alguma, o namoro cristão precisa e deve acontecer de modo diferente. A Bíblia sempre valoriza a pureza no relacionamento (1 Ts 4.3-8). A sabedoria bíblica vai além do guardar-se físico e ensina uma falar que se expressa com reflexão. “Quando são muitas as palavras, o pecado está presente, mas quem controla a
língua é sensato” (Pv 10.19). “Você já viu alguém que se precipita no falar? Há mais esperança para o insensato do que para ele” (Pv 29.20). Isso nos lembra que ao nos aprofundarmos numa relação de amizade com alguém do sexo oposto, precisamos medir muito bem as palavras que usamos. Expressar sentimentos por alguém, sem estar totalmente certo do que realmente queremos com tal relacionamento é pura tolice.
No começo de tudo, portanto, dentro de um relacionamento a dois (homem e mulher) deve haver uma busca real pela construção de uma amizade, antes que um relacionamento romântico. Em seu excelente livro sobre namoro, Joshua Harris oferece a seguinte ilustração e orientação:
Na primavera, minha irmã de quatro anos estava tão animada para ver as primeiras flores brotando do solo que arrancou um punhado de botões ainda bem fechados e orgulhosamente os deu para minha mãe. Minha mãe ficou decepcionada com a impaciência de minha irmã. “Você as pegou cedo demais”, ela disse. “Elas são bem mais bonitas quando permitimos que floresçam”.
Geralmente, somos culpados da mesma impaciência em nossos relacionamentos. Ao invés de esperar até que a amizade floresça totalmente, nos atiramos no romance. Nossa impaciência não somente nos impede de termos uma bela amizade como solteiros, como pode também colocar nosso futuro casamento em terreno instável. Os casamentos fortes são construídos em uma fundação sólida de respeito
mútuo, consideração e camaradagem de uma amizade. Quando nos vemos atraídos por alguém precisamos fazer da amizade profunda nossa maior prioridade ... Embora o romance possa ser um nível mais emocionante de um relacionamento, ele também pode alimentar uma ilusão e paixão, obscurecendo o verdadeiro caráter de cada pessoa envolvida. Lembre-se, assim que começamos a dar corda em nosso amor romântico, nossa objetividade começa a sumir.
... A prioridade de um rapaz e uma garota é de se conhecerem melhor como indivíduos – para obterem uma visão exata e imparcial da verdadeira natureza um do outro.
Diante disso, quando perceber um relacionamento especial com alguém do sexo oposto que você admira, evite expressar seus sentimentos antes dessa amizade amadurecer. Procure conhecer bem essa pessoa, faça perguntas, busque saber mais da rotina dela, seus planos para o futuro, princípios cristãos nos quais crê. Tudo isso é muito importante e o(a) ajudarão a compreender se, de fato, aquela pessoa é alguém com quem você estaria disposto a caminhar para o casamento. Este tempo de amizade será de grande valor se você souber usá-lo com sabedoria.  Algumas expressões de afeto a se evitar no começo de uma amizade, por
exemplo, seriam: “Nossa! Você está muito bonita, hoje!”; ou “Você é a pessoa mais especial pra mim”; “Como seria interessante passar o resto da vida ao seu lado!”; “Você é a mulher ou homem da minha vida!”. Precisamos lembrar do final de Provérbios 10.19, citado acima: “... quem controla a sua língua é sensato”. Não diga nada no começo de um relacionamento, pelo qual você possa vir a se arrepender, depois. Lembre-se do padrão de Efésios 4.29: “Nenhuma palavra inútil saia da boca de vocês,  mas apenas a que for boa para edificar os outros em suas necessidades, a fim de que conceda graça aos que ouvem” (Tradução Própria). Comentando sobre este texto numa exposição do livro de Efésios, em minha comunidade, disse o seguinte:
... Paulo exorta os crentes da Ásia a evitarem qualquer palavra torpe. A idéia de torpe é de inutilidade. Essa palavra é usada no Novo Testamento, tanto para indicar frutos estragados quanto peixes que não servem para comer (Mt 7.17; 13.48). Desde a minha infância, aprendi que palavra torpe é aquela palavra que
“fede”, que tem cheiro de peixe podre. Mas, a idéia básica dos versículos, é a inutilidade tanto do fruto quanto do peixe, que não prestam para nada. Assim, também, ocorre com nossas palavras, devemos evitar toda e qualquer palavra inútil, mas falar apenas aquela que for útil para edificar uma outra pessoa conforme suas necessidades. Antes de falarmos, deveríamos fazer a seguinte pergunta: “O que vou dizer irá ajudar o meu irmão a se aproximar de Deus?”. Isto significa, também, transmitir graça àqueles que nos ouvem. A graça no livro de Efésios está intimamente ligada à oportunidade dada por Deus de nos aproximarmos dEle e realizarmos Sua vontade. Então, antes de expressar sentimentos a alguém, sem ter completa certeza deles,
pense no outro como seu irmão ou irmã em Cristo. Pergunte para si mesmo se aquilo que você dirá, irá edificar o outro, se fará bem àquela pessoa ou confundirá a cabeça dela. Muitas vezes, o que percebo é que jovens se expressam romanticamente com alguém que lhes atrai, simplesmente para prenderem o outro a si mesmos, sem, todavia, estarem certos e prontos para um compromisso. Isso é um claro sinal de egoísmo, não de amor. O amor é paciente até para esperar dizer o que deve, na hora certa, não antes do tempo (1 Co 13.4).

ORAÇÃO OU ENROLAÇÃO?
Certa vez, um amigo meu brincou comigo, dizendo: “Mas esse negócio de orar antes do namoro é oração ou enrolação?”. Ele explicou o porquê de seu comentário, pois havia visto algumas pessoas que decidiam orar, simplesmente, para depois dizer não ao outro(a) que tinha interesse em algo mais sério. O período de oração foi um modo mais suave de dizer que ele(a) queria apenas uma amizade e nada mais. Por outro lado, há casos em que alguém começa o período de oração com uma pessoa, mas apenas porque está “emocionalmente sensível”.
Quer muito namorar e o(a) primeiro(a) que aparece propondo algo ou demonstrando um interesse, é uma
oportunidade para satisfazer a sua ansiedade de ter um(a) namorado(a), ainda que não esteja completamente certo de suas intenções e sentimentos pelo outro(a). Pessoalmente, creio ser muito importante o tempo de oração a dois, antes do começo de um namoro. O tempo de oração deve se encaixar entre o aprofundamento de uma amizade e o período de namoro. Quando a amizade entre um rapaz e uma moça começa a se aprofundar e há um interesse real e admiração mútua, é momento de
colocarem particularmente seus corações diante de Deus, conversarem com irmãos mais velhos na fé e, então, se perceberem a direção de Deus nisso, iniciarem um tempo de oração a dois, a fim de buscarem juntos o que Deus deseja de suas vidas. Essa época é uma ótima oportunidade para perguntas, como aquelas propostas na primeira parte do estudo, e para o envolvimento com a rotina e realidade familiar/eclesiástica um do outro, com o propósito de se conhecerem melhor.
Não há regras sobre quanto tempo deve durar esse período de oração. Como diria um dos meus professores, quando explicou uma das tarefas para nós, cujo limite eram 10 páginas: “O ideal é que não sejam nem treze nem três páginas”, ou seja, algo próximo daquilo que foi estipulado, “nem oito nem oitenta”. Da mesma forma, parece razoável pensarmos que o tempo de oração não devesse durar nem duas semanas nem dois anos. Cada caso é um caso e aqui entra a importância da participação de líderes da
igreja ou irmãos maduros na fé que possam acompanhar o casal durante este tempo e ajudá-los a discernir o momento para começarem um namoro, ou se, de fato, devem prosseguir para este compromisso.

PAIS E CONSELHEIROS.
Tanto a família quanto nossa igreja local são dádivas de Deus e, certamente, desempenham um papel importante na escolha de nossos futuros cônjuges como, também, no acompanhamento de nossa preparação para o casamento. Desprezar tal presente revela uma atitude de ingratidão ao próprio Deus.
Todavia, nem todas as situações são simples de se lidar. O que fazer quando o pai e a mãe sentem um ciúme tão forte pela filha, que já passa dos 25 anos, e resistem à possibilidade de qualquer pretendente se casar com ela? Ou quando um pastor de uma igreja local aconselha um casal a não começar o namoro, simplesmente porque o filho dele gosta da moça ou a filha do rapaz? Levanto estas duas questões, porque são circunstâncias que, realmente, ocorrem, ainda que excepcionais, e não podem ser tratadas com fórmulas simples. Entretanto, na normalidade das situações, possuímos orientações bíblicas importantes e claras que nos dirão o caminho a seguir.
1. Participação dos Pais.
Efésios 6.1-3 é um texto interessante que nos traz alguns princípios importantes:
1. Os filhos devem obediência a seus pais. Aqui a palavra tékna traduzida como  filhos  não se limita a crianças pequenas,  indica todo e qualquer filho não casado que vive sob a autoridade dos pais. A mesma palavra grega usada para obediência dos filhos é, também, aplicada à obediência dos escravos aos senhores no verso 5 (hupakouō).
2. A justiça cristã é demonstrada e evidenciada quando os filhos entendem seus pais como autoridades colocadas por Deus em suas vidas e se submetem a eles – “porque isto é justo”.
3. Honrar pai e mãe significa ir além da obediência externa, para uma atitude de coração que valoriza e estima os pais (verbo grego:  timaō) como dádiva de Deus no cuidado e orientação dos filhos.
Diante desses pontos, é indispensável a participação dos pais durante o processo de namoro e casamento dos filhos. Isso é importante, pois, os filhos que deviam, depois da lealdade a Deus, lealdade a seus pais, agora, caminham para uma outra lealdade maior que ocupará o lugar dos pais no casamento.
Um exemplo: Antes José, um rapaz piedoso, amava a Deus acima de tudo e, como conseqüência, mantinha um compromisso alto de obediência e honra aos pais. Mas, agora, José casou e seu compromisso com os pais foi transferido para a sua esposa, ela deve ocupar o primeiro lugar em sua vida, depois de Deus, não mais seus pais.
É esse processo que ocorre no casamento, por isso, a importância grande da
participação dos pais nessa transição durante o período de namoro, já que continuam
sendo autoridade sobre os filhos até o momento do altar. O Salmo 45.10-11 narra o casamento de uma princesa com o rei Salomão em que ela precisa deixar sua casa e povo: A lealdade máxima, antes exercida para com a sua casa paterna ... deveria ser deixada e trocada por uma outra lealdade que é detalhada no versículo a seguir. O lar onde essa rainha morava, não deve mais ocupar primeiro plano em sua vida,
mas sim a lealdade ao rei com quem se casa, como é descrito no versículo 11.
Não podemos esquecer que a obediência aos pais independe se são crentes ou não. Deus concedeu a eles o papel de cuidarem de sua vida, isso os torna dignos de seu respeito e obediência. Alguns modos práticos de honrar e obedecer aos pais são:
· Antes de começar qualquer relacionamento de namoro, converse com seus pais, pedindo deles conselho e permissão.
· Se seus pais são crentes no Senhor Jesus, envolva-os desde o processo de oração, pedindo para que conheçam melhor o rapaz ou a moça com quem você gostaria de namorar e pergunte a eles o que pensam da pessoa e do projeto de namoro.
· Em caso de uma negativa clara de seus pais para começar um namoro, não force a barra, ore a Deus e coloque sua situação diante dEle. Se continuarem dizendo: “Não”, é uma clara indicação de que vocês não devem prosseguir para o namoro. Lembre-se de Romanos 13.1-2, rebelar-se contra a autoridade colocada por Deus, é se opor ao próprio Deus.
· Se seus pais observarem durante o namoro que a pessoa com quem você namora não tem maturidade suficiente ou mesmo que você não tem demonstrado a maturidade necessária de alguém que irá se casar, então, converse com eles e pergunte, de modo amável, as razões pelas quais vêem isso em vocês. Ficando nítido essa imaturidade, talvez, eles entendam que seja necessário o término do namoro, seja sensível para aquilo que Deus está lhe mostrando por meio das autoridades que instituiu. Em outras situações, poderão querer estar mais perto de vocês e ajudá-los nisso. Veja essa situação como um privilégio e permaneça atento para ouvir o conselho deles sobre áreas a serem trabalhadas e melhoradas.
2. Ajuda e Apoio de Conselheiros.
Buscar a ajuda de conselheiros, pessoas mais velhas na fé e que demonstram maturidade espiritual, é muito importante. O livro de Provérbios enfatiza diversas vezes a importância de bons conselhos:
Não havendo sábia direção, cai o povo, mas na multidão de conselheiros há segurança. (Pv 11.14)
Da soberba só resulta a contenda, mas com os que se aconselham se acha a sabedoria.  (Pv 13.10)
Onde não há conselho fracassam os projetos, mas com os muitos conselheiros há bom êxito. (Pv 15.22).
Com medidas de prudência farás a guerra; na multidão de conselheiros está a vitória. (Pv 24.6)
No Novo Testamento, encontramos a responsabilidade de nos aconselharmos uns aos outros: “Habite ricamente em vocês a Palavra de Cristo; ensinem e aconselhemse uns aos outros em toda a sabedoria ...” (Cl 3.16). Diante de todos esses textos, fica clara a importância de envolvermos outros irmãos em Cristo para no ajudarem no processo em direção ao namoro e casamento. Isso não significa que todas as pessoas da igreja devam se meter e dar palpites, mas sim, que devemos buscar conselhos de outros irmãos, mais maduros na fé que poderão nos orientar biblicamente a lidar com as situações que surjam durante o tempo de oração e namoro. Perceba que o requisito de Colossenses 3.16 para aconselhar, não é a experiência de vida da pessoa, mas sim, ter a Palavra de Deus dirigindo e orientando sua vida. Assim, você pode ter amigos da igreja que já namoraram várias vezes, mas são devagar demais em aplicar os princípios da
Bíblia às situações da vida. Eles são até “experientes”, mas NÃO pessoas com quem você deva buscar conselhos.
Procure alguns amigos, casados ou solteiros, que demonstram seriedade com Deus, maturidade cristã e preocupação com a sua vida, e pergunte a eles o que pensam de seu projeto de namoro com tal pessoa, se deve esperar mais, se você está pronto. Os conselhos de pessoas piedosas o ajudarão a ter bom êxito nessa nova fase (Pv 15.22).
Joshua Harris oferece um conselho parecido: Se você se sente inclinado a aprofundar o relacionamento com alguém especial, espere em Deus através da oração. Busque orientação de alguns crentes mais velhos e de confiança. O ideal é que dentre estas pessoas estejam seus pais, um mentor cristão ou outros cristãos de confiança. Peça que estas pessoas orem por você sobre esta pessoa. Convide-os a serem seus confidentes em relação a este relacionamento para que detectem qualquer “ponto cego” em você mesmo e na pessoa por quem se sente interessado.
Essas pessoas que participarem do processo inicial, poderão auxiliar, mais para frente, quando vocês estiverem namorando, no cultivo de um namoro com o foco acertado e de modo puro. Como mencionado, a ajuda de conselheiros dispostos a auxiliar pessoas a andarem com Cristo é extremamente útil dentro dessa decisão (Pv 13.10; 15.22).
Conselheiros que conheçam bem o casal podem ser fundamentais para auxiliar na identificação de áreas cegas que passam desapercebidas por ambos os envolvidos e que precisam ser lidadas para a glória de Deus e benefício dos namorados ou candidatos a namoro. Além disso, conselheiros podem ser úteis na identificação, construção e prática de um propósito de vida comum entre os namorados e candidatos ao casamento.

PUREZA NO NAMORO: ISSO É POSSÍVEL?
Dois amigos se encontram no seminário, onde estudam teologia. Um deles
pergunta:
- E aí, Ciclano, já começaram a namorar?
- Sim, conversamos com os pais dela, e eles deram permissão.
- E aí, já beijou?
Ciclano, sem jeito, fica alguns instantes sem responder e, finalmente, diz:
- Já.
- É isso aí, garoto!
Beijos à parte, essa história mostra algo bem interessante. Ao saber do namoro de Ciclano, seu amigo coloca o foco no beijo. A preocupação não se concentra em como estava sendo essa fase inicial, o quanto aproveitaram o tempo juntos para crescer em intimidade com Deus, como estavam lidando com as questões de planos para casamento e lutando para manter sua pureza. Nada disso, o foco estava no desfrute do
relacionamento físico. Esse tipo de conversa faria qualquer garota com a cabeça no lugar, sentir-se uma “boca ambulante”.
Essa questão me preocupa como alguém que pastoreia uma comunidade, na qual a maioria dos membros são jovens e estão na fase de começarem um namoro e caminharem rumo ao casamento. Certa vez, ouvi de um professor de seminário dizer que casais de namorados tinham liberdade para se beijarem, pois Salomão beijava Sulamita, antes do casamento. Sua base bíblica era Cantares 1.2: “Ah, se ele me beijasse, se a sua boca me cobrisse de beijos...”. O problema é que se esse fosse o caso, então, ele, inevitavelmente, deveria defender que o casal, também, tem liberdade para ter relações sexuais antes do casamento! Pois, o verso 4 diz: “Leve-me com você! Vamos depressa! Leve-me o rei para os seus aposentos!”. É óbvio, então, que o texto NÃO faz apologia nem ao beijo nem às relações sexuais antes do casamento. Aliás, afirmar que Salomão beijava Sulamita no noivado demonstra total falta de cuidado ao interpretar o texto de Cantares 1.2-4.
Quero propor aqui que o amor romântico pode e deve ser cultivado durante o período de namoro, sem, todavia, estragar a pureza física e moral do casal. Meu propósito não é colocar uma série de limites até onde um casal pode chegar e do qual não pode ultrapassar. Desejo, realmente, que pensemos no relacionamento físico entre um homem e uma mulher, de uma forma moldada pela Palavra de Deus que promova a glória dEle. Pois, Um relacionamento terreno só pode ser corretamente desfrutado quando levado em conta o relacionamento celestial com o Pai. Como parte da dádiva divina que é a vida, o namoro pode e deve ser desfrutado debaixo do temor do Senhor, incentivando atitudes que fomentam a santidade para a glória de Deus.
Assim, compartilho neste capítulo do estudo, algumas questões que tenho avaliado em minha caminhada cristã e, ao mesmo tempo, o que venho aprendendo com outros irmãos, à luz daquilo que as Escrituras nos ensinam.
Creio que o problema principal na nossa visão de namoro cristão é que muitos encaram a pureza como uma
linha de limite sobre o que se pode e não se pode fazer, enquanto a Bíblia apresenta a pureza como um alvo a se buscar e um caminho a percorrer. Se queremos construir um namoro realmente puro e cujo foco é o crescimento mútuo e a glória de Deus, precisamos parar de discutir sobre até onde um casal pode chegar em sua intimidade física, e começar a nos preocupar como podemos ajudar uns aos outros, enquanto
solteiros ou casais de namorados, a viver uma vida realmente santa que foca os interesses do reino de Deus antes que os nossos próprios interesses.

Quando um casal de namorados aborda a questão do contato físico no namoro com a seguinte pergunta: “Quais serão os limites do contato físico em nosso namoro?”, começaram com a pergunta errada. O que provavelmente está por trás dessa pergunta é: “Até onde podemos desfrutar um do outro fisicamente?”. Proponho aqui uma outra pergunta que vai de encontro à proposta bíblica: “De que modo podemos aproveitar este tempo de namoro, a fim de ajudar um ao outro a crescer na vida cristã e a construir um
caráter que Deus espera de um futuro marido e uma futura esposa?”. O foco desta questão muda e dá outra direção ao relacionamento. Não são regras humanas que tornarão as pessoas mais puras. Paulo ensinou isso aos colossenses, lembrando-os que regras humanas não tinham qualquer poder para refrear os impulsos da nossa natureza pecadora:
Já que vocês morreram com Cristo para os princípios elementares deste mundo,  por que, como se ainda pertencessem a ele,  vocês se submetem a regras: “Não manuseie!”, “Não prove!”, “Não toque!”? Todas essas coisas estão destinadas a perecer pelo uso, pois se baseiam em  mandamentos e ensinos humanos. Essas regras têm, de fato,  aparência de sabedoria, com sua pretensa religiosidade, falsa humildade e severidade com o corpo, mas não têm valor algum para refrear os impulsos da carne. (Cl 2.20-23, NVI).
Em lugar de oferecer regras, Paulo conduz seus leitores a uma vida devotada a Deus, focando seus pensamentos e desejos naquilo que O agrada (Cl 3.1-4), abandonando as paixões e anseios de seus corações pecadores (Cl 3.5-7). É claro que uma vida cujo foco está em Deus, irá expressar isso de modo prático, como o texto continua mostrando, ao falar do abandono da ira, maledicência, mentira, e do revestir
com a compaixão e perdão (Cl 3.8-14). Mas a preocupação primordial deve estar no nosso coração, não apenas em ações externas. É do nosso coração que depende nossa espiritualidade: “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o coração, porque dele procedem as fontes da vida” (Pv 4.23). Como diria o pastor John Piper, “Deus é mais glorificado em nós quando nos satisfazemos mais nEle”.
Qualquer casal que deseja vencer a impureza sexual no namoro, deve buscar, antes de tudo, um coração
profundamente desejoso por Deus e que se satisfaz completamente nEle, tanto em Sua santidade quanto em seu amor. Para compreendermos a questão da pureza física no namoro, vamos destacar alguns pontos cruciais ensinados pela Palavra de Deus:
1. Intimidade Física é Símbolo da Aliança do Casamento Não Recompensa por Níveis de omprometimento – Gn 2.24; Ef 5.22-32
Michael Lawrence desenvolve bem essa questão em seu texto Sex Theology, por isso, traduzi uma boa parte dele, a fim de que você possa refletir sobre a questão da intimidade física e perceber como muitas vezes pode-se compreender mal o ensino das Escrituras nessa área da sexualidade humana.
Freqüentemente, nós justificamos nossa atividade sexual sobre a base do nível de comprometimento no relacionamento. Quanto maior o nível de comprometimento no relacionamento, mais sexualmente envolvidos nós nos permitimos estar. Uma das coisas mais comuns que ouço no aconselhamento pré-matrimonial são casais dizendo que eles se abstiveram da atividade sexual até noivarem. Neste ponto, toda a restrição interna que eles sentiram, de repente desaparece e, agora, se encontram lutando – algumas vezes falhando – para permanecerem fora da cama.
Será que temos compreendido erradamente o padrão de Deus? Comprometimento crescente legitima níveis crescentes de intimidade sexual fora do casamento? Aqui é exatamente onde a teologia do sexo se torna importante e uma teologia do sexo requer bem mais do que uma lista sobre o que fazer e o que não fazer. Conforme isso é exposto, sexo não é uma recompensa arbitrária que você recebe por casarse, e intimidade sexual não está ligada a uma escala crescente de compromisso. Antes, sexo possui um significado teológico dado por Deus e propósito que transcende “minha” experiência e opinião acerca disso.
Conforme o primeiro capítulo do livro de Gênesis, Deus criou homem e mulher à sua própria imagem. “Criou Deus o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou” (Gn 1.27). O que isso significa é explicado nos versos seguintes. Como Deus, homem e mulher devem exercer domínio sobre a terra. Ele devem ser criativos enquanto promovem a ordem e produtividade da criação de Deus. Eles devem, também, viver num relacionamento frutífero um com o outro. Isso é uma clara implicação do mandamento de Deus “Sejam férteis e multipliquem-se” (Gn 1.28). A questão fica ainda mais explícita em Gênesis 2.
No meio da criação perfeita de Deus, ele coloca um jardim, literalmente um paraíso (vv. 1-14). Logo, Deus coloca o homem que Ele fez neste paraíso dos paraísos e lhe dá uma tarefa (v. 15). Ordena ao homem que cuide e proteja este jardim. Quase imediatamente depois que dá ao homem essa chamado básico para
a sua vida, Deus declara, pela primeira vez, que há algo que não é bom: não é bom que o homem esteja só (v. 18). Então, Deus cria a mulher e a traz ao homem. Este não está mais só. Adão observa Eva e diz: “Essa é osso dos meus ossos e carne da minha carne” (Gn 2.23). Então, percebemos que somos testemunhas do primeiro casamento, quando Adão e Eva se unem e se tornam uma só carne (v. 24).
A Bíblia nos ensina que casamento é uma aliança que estabelece um relacionamento entre um homem e uma mulher que não possuem obrigações naturais um com o outro, com um pai e uma criança possuem, mas que
voluntariamente assumem obrigações permanentes e compromissos de um relacionamento familiar. Antes que dois indivíduos casem, eles não eram familiares; não eram uma só carne. Mas no casamento, estes dois indivíduos se tornam familiares numa união tão próxima, íntima e permanente que a única linguagem para isso é a linguagem da família, a linguagem de carne e sangue.
Nossa capacidade para estabelecer este tipo de relacionamento de aliança é parte do que significa ser criado à imagem de Deus. Exatamente como Cristo é unida ao seu povo de tal modo que Ele se torna a cabeça e a Igreja o Seu corpo (Ef 5.23, 30), assim Deus nos criou para refletir Sua imagem enquanto nos relacionamos com uma outra pessoa numa união pactual de uma só carne. Tornar-se uma só carne não significa tornar-se uma só pessoa. Um marido e uma esposa permanecem sendo pessoas distintas. Porém, isso significa sim que como resultado da aliança do casamento, o marido agora se relaciona com sua esposa
como se ela fosse parte do seu próprio corpo, cuidando dela e a protegendo, exatamente como cuida e protege a si mesmo.
Agora, se casamento é uma aliança, então tal aliança deve ter um sinal, algo que torna visível a realidade invisível da união de uma só carne. Este é o modo como todas a alianças funcionam na Bíblia. Quando Deus fez uma aliança com toda a criação de não destruir o mundo, novamente, por meio do dilúvio, ele colocou o
arco-íris como um sinal no céu. Quando Deus faz a aliança com pecadores arrependidos na Nova Aliança, ele nos dá o sinal do batismo, no qual o visível retrata a realidade invisível de nosso ser sepultado com Cristo, sendo purificado do pecado, e ressuscitando para uma novidade de vida com Cristo. E da mesma forma, funciona com a aliança do casamento. Um vez casado, um homem se relaciona com sua mulher com se ela fosse sua irmã ou mãe – pessoas com as quais você não tem relação sexual. Mas ele se relaciona com sua esposa, unindose a ela num relacionamento de uma só carne de mútuo amor, lealdade e intimidade. O sinal desta aliança sem par, é o ato físico de tornar-se uma só carne no intercurso sexual.
... como dito acima, muitos entendem que a intimidade sexual e comprometimento relacional estão conectados numa escala, na qual quanto maior o comprometimento, maior a liberdade que um casal tem para se envolver na intimidade física ... a inclinação cresce de nenhuma intimidade física até o intercurso conforme os níveis crescem, de nenhum comprometimento ao máximo comprometimento do casamento. Com certeza, cristãos, mais provavelmente, seguirão a linha pontilhada mais baixa, na qual a intimidade se demora em aumentar. E nestes dias, não cristãos estão, provavelmente, se movendo mais rapidamente para intimidade. Todavia, se a intimidade sexual é o sinal da aliança do casamento, antes que uma recompensa pelo crescimento de níveis de comprometimento ... deveria, então, ser um gráfico em que a linha se move num grande passo, da intimidade física apropriada com uma irmã/mãe à intimidade física apropriada com uma esposa.
Em resumo, toda mulher que está num relacionamento com um homem, ou é uma ou outra. Biblicamente falando, não há área intermediária, na qual uma mulher é um tipo de irmã ou um tipo de esposa. Agora, eu suponho que alguns leitores estejam pensando: “Você diz que casais devem se abster de beijar e pegar as mãos até o casamento?”. Não quero lançar um novo conjunto de limites que não devem ser atravessados. Isso desvia do foco. Antes, sugiro que todos nós devemos repensar o propósito e significado da intimidade física entre um homem e uma mulher. Eu penso que a melhor maneira que posso fazer isso é observando de modo prático, do outro lado dos votos do casamento. Em tudo o que um casal de namorados se envolve fisicamente, com exceção do intercurso, casais casados também o fazem. A única diferença é que um casal casado tem um nome para essa atividade. Chamam isso de preliminares. Então, enquanto o casal de namorados conforta a si mesmo, dizendo: “Até aqui tudo bem, porque isso não é sexo”, o casal casado diria: “Isso é ótimo, porque é parte do sexo!”. O fato é, Deus não apenas criou o intercurso sexual, Ele criou tudo que leva ao intercurso, também. E todas as coisas estão ligadas juntas. As preliminares são a rampa de mão única que levam à auto-estrada do intercurso sexual. Em nossos carros não pretendemos diminuir a velocidade nessa rampa de mão única, nem voltar atrás. As rampas que levam à auto-estrada não foram designadas para isso. Foram projetadas para aumentar a velocidade do carro em direção à auto-estrada. Assim, é com as preliminares. Foram projetadas para que um homem e uma mulher aumentem a velocidade e isso funciona. Então, se você não é casado, o que está fazendo na rampa de mão única que leva à auto-estrada? Não foi tencionada para você ficar se expondo sem nenhuma direção, acelerando seus motores, mas não indo a lugar algum.

2. Intimidade Física fora da Aliança do Casamento é frontalmente oposta à Vontade de Deus – 1 Ts 4.3-7
Quando nos deparamos com 1 Tessalonicenses 4.3-8, percebemos no texto algumas diretrizes importantes:
a. V. 3 - O desejo de Deus para seus filhos é que eles se guardem da imoralidade sexual, ou seja, qualquer intimidade física com outra pessoa que não a minha esposa ou marido. Isso deve levar irmãos em Cristo solteiros a ajudarem uns aos outros na preservação da pureza de ambos os sexos. A pergunta típica de um casal de namorados bem intencionados, mas com uma teologia errada é: “Isso mexe com você?”. O ideal de Deus é que casais de namorados e noivos nem sequer façam esse tipo de pergunta, pois deveriam
estar longe da imoralidade e não testarem até onde podem chegar sem provocar desejos no outro. A ordem bíblica é fugir, não se aproximar (1 Co 6.18).
b. Vv. 4-5 – Todo cristão deve cuidar de seu corpo a fim de glorificar a Deus por meio dele. Toques e beijos  apaixonados não refletem o  autocontrole requerido por Deus dos que são seus filhos. Devemos ser governados pelo Espírito Santo (Ef 5.18), não por desejos e sensações físicas. Nosso corpo é habitação do Espírito Santo e deve ser cuidado como propriedade de Deus, não nossa (1 Co 6.19-20). A melhor pergunta a se fazer é: “Pai, como o Senhor gostaria que eu cuidasse de meu corpo no relacionamento com minha namorada, de modo que O glorifique?”.
c. Vv. 6-7 – Cuide de sua irmã ou irmão. Não o provoque com palavras, toques nem beijos. Não pense que o seu namorado(a) será mais seu/sua, à medida que aprofundam seu relacionamento físico. Nenhum namorado ou namorada é dono do outro, os únicos que possuem direitos sobre o corpo um do outro
são aqueles que estão dentro do compromisso da aliança do casamento (1 Co 7.1-5). O modelo bíblico para tratamento entre qualquer moça ou rapaz que não são casados, sejam casais de namorados, noivos ou solteiros é tratar um ao outro como irmão ou irmã (1 Tm 5.1-2). Lembre-se, ainda que uma moça ou rapaz seja a(o) sua/seu namorada(o), isso não lhe dá direito desenvolver intimidade física com ela(e), pois essa pessoa poderá ou não ser seu futuro cônjuge. É claro que o propósito do namoro é casar, mas isso não poderá ser garantido até à troca das alianças. Todo namorado ou namorada deveria zelar tão bem pelo seu par, tanto fisicamente como emocionalmente, de modo que se outra pessoa se casar com ele(a), possa lhe agradecer pelo modo respeitoso como você o(a) tratou, cuidando da pureza do leito matrimonial deles (Hb 13.4).
CONCLUSÃO
Se este estudo contribuir para que namorados e pretendentes adquiram uma visão bíblica da beleza e santidade do casamento, além de focarem seus alvos na glória de Deus e na imagem de Cristo, então, certamente, teremos futuras famílias fundamentadas na suficiência de Cristo, dependentes totalmente da Graça de Deus, que espalham adoradores e espelham o Criador, proclamando ao mundo e anunciando às
futuras gerações as grandezas daquEle que nos chamou das trevas para a Sua maravilhosa luz.
Fonte: Tiago Abdalla T. Neto. Teologia e Exposição do Antigo Testamento · Master of Theology (Th.M.)